Entidades filantrópicas de saúde mental em Guarulhos enfrentam desafios na pandemia

 

Por Tiago Ortaet 

Atualmente, mesmo diante de uma queda significativa na média móvel de casos e óbitos por Covid-19, as instituições filantrópicas seguem driblando as imensas dificuldades impostas pela pandemia. As consequências do isolamento social fizeram diminuir doações, comprometendo o planejamento das entidades.

Diante dos desafios enfrentados pelos diferentes setores,  entidades de todo o país viveram dias de grandes desafios em todos os sentidos: humano, administrativo, orçamentário e técnico.

As Casas André Luís atendem pacientes com diferentes deficiências (física, mental, motora etc) desde 1949 e viram as doações caírem durante a pandemia. De acordo com a gerente de marketing, Daniela Silveira, foi preciso um esforço coletivo para superar as dificuldades desse período. “Nós fizemos um trabalho muito forte de marketing e de assessoria de imprensa. Os jornalistas nos ajudaram muito, aliás, eles foram fundamentais para mobilizar as pessoas em nossas campanhas.”

Silveira conta ainda que as empresas que já apoiavam a instituição e até mesmo algumas que ainda não apoiavam, colaboraram no processo de mobilização com clientes e parceiros, principalmente na doação de álcool-gel, máscaras e cestas básicas.

A captação de recursos é essencial para que a instituição permaneça realizando seu trabalho e consiga desenvolver em plenitude os atendimentos que os pacientes necessitam. A organização social e filantrópica recebe, mensalmente, apenas 30% de repasses do governo federal, por meio do Ministério da Saúde, o que não é suficiente para a manutenção financeira de todo o trabalho.

Diante da nova realidade orçamentária, as Casas André Luís desenvolveram uma série de atividades para honrar suas demandas financeiras, como a ampliação do Mercatudo (central de vendas de mobílias e produtos em geral, doados pela população e revendidos a preços simbólicos), campanhas nas mídias para agregar novos doadores e o diálogo com deputados regionais para destinação de verbas e emendas parlamentares.

Foto: Divulgação

Em relação aos casos de contaminação interna, a entidade teve aproximadamente 60% dos seus atendidos contaminados ao longo da pandemia, uma taxa relativamente alta, sendo desses, um total de sete óbitos.

Atualmente a organização abriga um total de 537 pacientes internos, que moram na instituição e foi preciso um rigor nos protocolos sanitários para proteger todos eles e seus familiares.

Levando em consideração as dificuldades das ONGs, a Olhar Eficiente também passou por entraves para seguir atendendo seu público. A presidenta, Marina Domine, relata que sua gestão também se amparou em campanhas de conscientização para informar sobre a importância da saúde mental tanto de seus atendidos, quanto de seus familiares e da população em geral, que durante a pandemia ficou mais vulnerável.

A sustentabilidade de organizações da sociedade civil já não é fácil em tempos normais, ainda mais se tratando de um período de exceção como o de uma pandemia. “A parte econômica da associação ficou bem debilitada, ainda estamos, tanto que para reerguer não está sendo fácil, foi preciso inventar mais campanhas de doações, ajuda de parceiros etc.” Domine está à frente da associação há quase dez anos. Instigada pela falta de atendimento que sofria com seus dois filhos autistas, fundou a organização com apoio de amigos e familiares.

“Na época, a associação surgiu somente para autistas, com uma proposta mais voltada ao pedagógico. Com o passar dos anos, percebemos a necessidade de acolher pessoas com outras deficiências e que também precisavam de uma atenção psicossocial. Começamos os movimentos com palestras, corridas, caminhadas e campanhas para trazer o impacto da conscientização sobre deficiências para a cidade.”

Com a flexibilização dos protocolos sanitários definidos pelas autoridades, a expectativa é que nas próximas semanas, muitas atividades externas sejam retomadas, conforme aponta a gestora das Casas André Luís. “Nossa instituição tem uma característica de promover passeios inclusivos, levar ao shopping, aos parques, ao teatro etc. Esperamos que voltem à programação normal. Essas atividades são muito importantes para a saúde mental dos nossos atendidos”, complementa a gestora.

Créditos:

Pauteiro: Liuken Raynan

Editor: Gustavo Pereira Santos Silva e Tiago Ortaet

Planejamento e Multimídia: Gustavo Uchôa de Lima

Revisor: Redação

Repórter: Tiago Ortaet e Vinícius Cruz Teixeira

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