ARTIGO DA SEMANA
Massacre no Baile
Uma avenida, no
meio da segunda maior comunidade da periferia de São Paulo, transbordando mais
de 5 mil jovens em seus becos, travessas e vielas. Um grupo de policiais decide
entrar no meio da multidão à procura de dois bandidos, que em fuga, se evadiram
para o baile à céu aberto (segundo versão oficial). O desfecho dessa história é
a morte precoce de 9 jovens, 9 famílias devastadas e a inauguração de mais um júri
virtual que acusa e condena, de ambos os lados.
Abordo esse subtema porque li muitos comentários radicais nas redes
sociais, de internautas querendo justificar as mortes por conta da presença de
menores no baile de rua. É inadmissível querer justificar um erro com outro
muito pior. Não acho que aquele seja um ambiente adequado para menores de
idade, mas em hipótese alguma é possível minimizar a conduta de quem de fato
causou as mortes. Atitudes desse senso comum apenas criminalizam a periferia. A
história de cada um daqueles jovens, noticiadas nos telejornais de todo o país,
mostram que eram jovens trabalhadores, cheios de sonhos e que apenas buscavam
uma atividade de lazer para se divertirem.
Seguindo os rastros de
irresponsabilidades dessas tristes mortes, temos uma ação desastrosa desses
policiais militares (como analisado publicamente pelo próprio ouvidor da
polícia militar) que não mediram as conseqüências em adentrar numa multidão e
sair atirando, espancando quem estivesse pela frente com golpes de cassetete,
chutes e tapas no rosto, encurralando uma multidão em vielas e becos como
mostram os vídeos registrados por moradores.
Quanto mais a investigação avança, mais
cruel se tornam os detalhes desse massacre. Últimas notícias dão conta de que
ligações com pedidos de socorro foram ignoradas e outras foram interrompidas
pelos agentes presentes no local. Debochar, desdenhar de vários pedidos de
socorro é muito sadismo e desumanidade.
Faço uma provocação
para pensarmos juntos: Será que nas festas de músicas eletrônicas, as chamadas
“raves” freqüentadas majoritariamente pela elite, não há drogas? Não há
traficantes vendendo drogas?” Vocês já ouviram noticias de policias entrando
nessas festas e encurralando todos no porrete??? Não! Não viram. Nem vão ver. A
truculência seletiva e institucional tem endereço certo, tem tom de pele como
alvo. Isso é inegável. As estatísticas provam isso.
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