Professor Tiago Ortaet é convidado a prefaciar livro coletânea de estudantes de São Paulo
Os professores líderes do projeto literário da EMEF Frei Antônio de Santanna Galvão (Secretaria de Educação da Prefeitura de São Paulo) bem como a direção escolar; me convidaram para prefaciar a mais recente obra poética dos estudantes que será lançada ainda nesse semestre.
Pra mim foi um grande prazer escrever sobre um projeto tão importante que abre novos horizontes aos estudantes. Quando a obra for lançada, divulgarei aos amigos que comungam dessa crença de que a educação e cultura são pilares da transformação social que tanto almejamos.
ESTANDARTE
Pra mim foi um grande prazer escrever sobre um projeto tão importante que abre novos horizontes aos estudantes. Quando a obra for lançada, divulgarei aos amigos que comungam dessa crença de que a educação e cultura são pilares da transformação social que tanto almejamos.
PREFÁCIO
Pra mim é uma honraria escrever sobre o ato de escrever;
uma metalinguagem deliciosamente lírica e substancial, principalmente nesse
caso, escrever sobre a ação contundente de amigos professores que instigam
crianças e adolescentes à escreverem, a serem roteiristas de suas próprias
histórias, de serem criadores de seus contos, reflexos de seu lócus social, de suas
rimas, sua liberdade em letras e sentimentos. Não há ato mais político em sua
essência e mais belo em sua dimensão estética, sensível...
Gosto muito de uma frase que usei, há quase duas décadas
atrás, pela primeira vez, numa performance teatral com jovens da periferia da zona
norte de São Paulo; “PRESENTE É GENTE” então esse narrar de sentidos, nesse
livro juvenil, poético, estudantil, ousado e empoderado está cheio de
presentes, cheio de verdades, idéias, sonhos e imaginação. Não há presente mais
valioso do que a cultura latente dessa nossa gente.
Quanta beleza há numa gestão educacional que alimenta a
poesia, a ludicidade, tão necessárias, principalmente em tempos sombrios como o
hoje e de outrora. A arte semrpe será nossa melhor história. Mas toda vez que essa
nação tentar privilegiar a barbárie e a intolerância, nós estaremos aqui pra
fazer valer nossa coexistência humana, nossa instinto de educadores, nossos
vôos de liberdade, nossas asas de sonhadores.
Esse convite para prefaciar essa linda obra coletiva, faz
sublinhar um existencialismo poético que vibra juventude, que move
potencialidades e ousa conceber uma educação contemporânea, fora de caixinhas,
libertadora e que impulsiona meninos e meninas nesse horizonte de
possibilidades.
E não me conformaria de expor toda minha gratidão,
empatia e respeito por esse entusiasmado ato político cultural sem que me
colocasse lado a lado à cada um de vocês, em sintonia e simbiose;
oferecendo-lhes um pouco de minha poesia, depois de beber cada uma das palavras
aqui germinadas por vocês. Que renasçamos em arte pelas vias do mundo, com todo
amor que nos é peculiar. Evoé!
Defendo o porte de livros; munição literária, arte como
alvo, juventude libertária e meu aluno à salvo...
Meu aluno é a luz! Todos são átomos de impulso que não se
governa...
Os professores os acendem, emoção e união que não se
rendem... Um clarão que vem do iluminar dessa lanterna, pra acender esse
pântano e sair dessa caverna.
Se meu aluno é vela, a arte é o pavio
Essência da favela, mensagem e arrepio
Se a arte é o oceano, somos o navio
Nosso tsunami pode lavar essa guerra civil
Nosso verbo tá na ponta da língua, na ponta do lápis e no
conto desse Brasil; abaixo à censura, ninguém me segura, por que aqui fulgura a
ancestralidade de jovens negros diante do mar azul anil; dizendo: Abaixe esse
fuzil!
Professor é remetente, meio e mensagem, estudante é
minério dourado que sela a embalagem...
Nosso estopim; poesia, curumim e letras em artilharia...
Nosso fervor, se atente, por favor, nos multiplicamos
mais do que capim; nessa prontidão noite e dia.
Em meio a esse obscurantismo que TEM fim, ah se tem;
iluminismo de mim com alguém!
Somos a áurea de cada menino e menina desse chão, mesmo
nosso ato estando previsto na constituição; insisto na inspiração dos nossos
sonhos em manifesto e livro na mão.
Que a bala perdida
seja somente a goma que caiu atrás do sofá, que a caminhada, mesmo sofrida,
possa ter poesia sortida, menino ousado, menina atrevida, como quem se atreve a
ser feliz; nossa arte; de cores, cenas, gestos, melodias e matiz, aponta o dedo
pro horizonte, do mesmo modo que a tinta vermelha no nariz, como quem diz
“respeite a nossa cultura, nossa identidade raiz; feliz dia de professar todo
esse valor, todo dia é dia de poesia, de estudante e de praticar o amor, todo
dia é dia do professor ”
Tiago Ortaet
Educador,
artista e ativista social, atualmente está professor universitário, colunista e
diretor de direitos humanos da cidade de Guarulhos.
Comentários