No artigo dessa semana dissertei sobre O ATAQUE AOS INDÍGENAS

O ATAQUE AOS INDÍGENAS
Você se recorda dos trabalhos “artísticos” clichês que fazíamos na escola, todo dia 19 de Abril??? Aqueles desenhos mimiografados, cheirando álcool, em que tínhamos apenas que colorir os traçados; um trabalho sem muita expressão ou nenhum apelo criativo, tampouco reflexivo; sobre a verdadeira importância da áurea dos índios, da cultura indígena no nosso país. Um capítulo de nossa história que merece toda nossa atenção, estudo e respeito. É possível se aprofundar nas relações culturais, na ancestralidade de nosso povo e sobretudo na história passada a limpo.
Você pode até ter uma nostalgia desses tempos de infância, sempre lembrados com carinho, mas levando essas imagens de nossa memória para uma racionalidade e senso crítico; podemos observar que há inúmeras possibilidades de trabalhos pedagógicos mais viscerais e contundentes quanto o assunto é cultura indígena.  Da cestaria à pintura corporal, do culto à terra aos ritos de passagem, da caça à preservação ambiental e mitologia; esses são subtemas imprescindíveis nessa pesquisa cultural. Escolhi iniciar minha análise pelo viés pedagógico, pois é também na escola que se formam conceitos ou mesmo pré-conceitos. Na escola podemos ampliar conhecimentos ou simplificar histórias complexas.
Do mesmo modo, podemos viajar nas lembranças estudantis daquela lenda de que os portugueses descobriram o Brasil; sem terem nos mencionado o massacre que os índios sofreram diante das caravelas que atracavam em nossos mares; sem terem nos dito também da crueldade de imposição de uma cultura sobre a outra, fazendo com que os índios se vestissem e se convertessem perante os catequistas jesuítas.
Trazendo a história ainda mais próxima de nós, como não lembrar daquelas imagens de índios esteriotipados “made in” Village People (famoso clipe americano) que inspiraram personagens de clips de apresentadoras infantis do Brasil da década de 90.
Tudo isso pra amparar nossa reflexão perante o conceito que muitos “líderes” têm da cultura indígena; há fortes indícios de que esses pré conceitos embutidos no imaginário coletivo são conseqüências de uma ignorância construída ao longo dos anos.  A verdadeira família tradicional brasileira segue sendo ameaçada em seu território; ainda de forma mais acintosa, pois os que perseguem os índios encontraram ressonância num obscurantismo em crescente ascensão. Mas afinal qual o motivo das ofensivas contra os indígenas? O que justifica, por exemplo; quererem legalizar o garimpo em terras preservadas pelos povos indígenas? Será que é pelo progresso? Mas progresso de quem? Pra quem? E a qual custo?
No site da Fundação Nacional do Índio, órgão indigenista oficial do estado brasileiro, criada em 1967, há um acervo muito rico de ações, programas e projetos ao longo desses mais de 50 anos e que precisam ser reconduzidas. O Brasil tem uma dívida histórica com os povos originários; garantir acesso à terra é sobretudo legitimar os maiores guardiões da floresta brasileira.
Se a imprensa internacional já denunciava as negligências do estado brasileiro em relação a falta de demarcação de terras, atualmente , as diversas tribos estando sob novos ataques, inevitavelmente seremos manchetes no noticiário do planeta pela falta de bom senso, de sensibilidade e principalmente de políticas públicas para os índios.  


Em 1976, o célebre artista brasileiro, Caetano Veloso, gravou a canção “Um Índio” do álbum “Doces Bárbaros” e na frase “as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer assim de um modo explícito” diz muito em tom profético, o Brasil de 2019. Quem diria?

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