FAMÍLIAS

O seio familiar é base de tudo na vida humana, é alicerce para tudo que se constrói ao longo dessa jornada e raiz da cidadania. É em casa que se aprende valores morais, éticos e empatia. É em casa que aprendemos noções de honestidade, de respeito ao próximo, civilidade e altruísmo. 
Seria absurdamente descabido pensarmos numa única configuração de família; uma vez que somos uma sociedade plural. Existem inúmeras possibilidades de composição familiar, ainda que radicais insistam em rotular um padrão normativo do conceito de família; a realidade contraria essa fábula fundamentalista que nega o óbvio.
Não existe lócus social mais apropriado para analisar esses conceitos do que o ambiente escolar. É lá que deságuam a diversidade familiar, a luta pela sobrevivência, os dilemas familiares e inevitavelmente pré conceitos dos mais diversos.
Mães solteiras, viúvas ou abandonadas pelos seus maridos; avós que criam seus netos, pais que criam sozinhos seus filhos, irmãos mais velhos que criam irmãos mais novos, dois pais, duas mães, padrastos, enteados e madrastas. Jovens, que muito novos, já moram sozinhos, tias que criam sobrinhos, primos criados como irmãos, essas são algumas das muitas possibilidades de família.
Ao meu ver, família é muito mais um conceito, um modo de convivência do que propriamente uma fórmula ou um dogma de pares. Portanto, independentemente da maneira que sua família se estabeleça; o mais importante é o amor que se pratica. A ausência desse norte que zela uns pelos outros e prima pela conduta humanizada em nossa prática social é facilmente sentida na escola.
Geralmente quando uma criança ou adolescente tem um comportamento social violento, agressivo, desrespeitoso, é sinal de um núcleo familiar com sérios problemas. Eles são estopim das relações que vivenciam. Uma criança que vive amor e afeto irá eclodir em bons sentimentos pelos outros, do mesmo modo uma criança que vivencia guerra só poderá explodir em caos e afronta. 
A criança e o adolescente são espelhos do se vive em casa, eles carregam consigo tudo que transborda e também o que falta nas relações humanas em sua família. Posturas machistas, sexistas, autoritárias, homofóbicas, xenófobas, por exemplo, são facilmente reproduzidas com professores, com colegas de escola e que brevemente se transportam para a vida adulta, no ambiente de trabalho, num estádio de futebol, num debate com amigos, ou em qualquer outro espaço social.
Alguns valores são mesmo universais, com já citados anteriormente, outros não. Valores religiosos, tradições culturais, hábitos e costumes são peculiaridades de cada família, não sendo saudável que as crianças aprendam que esse ideal possa ser uma crença absoluta, uma condição de toda a sociedade. Ao se tratar essas questões não universais, como a escolha de um time de futebol, ritos religiosos, opções políticas, ideologias partidárias, etc; devemos apresentar-lhes a pluralidade com respeito.
Quando a gente educa para a liberdade, a gente ensina que existem muitas outras pessoas que pensam e agem diferente de nós, que isso é também legítimo. Parece óbvio e realmente deveria ser, embora não seja, que o respeito é mote de toda uma vida. Quando um adolescente sai de casa para assistir uma partida de futebol no estádio e no caminho ele pega uma barra de ferro para atacar outros jovens pelo simples fato de ser do time adversário, certamente em algum momento ele aprendeu que o adversário é um inimigo a ser combatido, exterminado; quando o correto seria ele conceber que o adversário é apenas um jovem que tem uma escolha, uma paixão, diferente da sua e merece ser respeitado por isso.
Em outras palavras a família é responsável por muito do progresso e do caos que vivemos hoje. Já dizia a sabedoria popular "...não se preocupe com o mundo que deixaremos para os nossos filhos, mas nos filhos que deixaremos para o mundo". 
Tiago Ortaet

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