Uma breve história do vermelho na arte - REFERÊNCIA TEÓRICA PARA PROJETO BRASA RUBOR

Uma breve história do vermelho na arte


Há 40 mil anos, foram criados os primeiros pigmentos. Combinando carvão queimado, gordura animal e solo, os artistas criaram uma paleta básica de cinco cores: amarelo, vermelho, preto e branco. As experimentações e a criação de novos pigmentos – como o azul, roxo, verde e amarelo – deram-se através dos diversos movimentos da história da arte – da Renascença ao Impressionismo. Na série “Breve história das cores na arte”, acompanharemos as experimentações e os significados das cores ao longo da história.

Vermelho, um dos mais antigos pigmentos ainda em uso

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Pintura rupestre feita em vermelho ocre retratando um bisão – Caverna de Altamira, Espanha, ca. 15.000-16.500 A.C.

Empregado pela primeira vez nas paredes das cavernas pré-históricas, o vermelho, como apontam achados arqueológicos em regiões da China e África do Sul, era utilizado tanto para fins estéticos, para pintar os corpos, como religiosos, simbolizando o sangue em oferenda aos mortos.
Durante o período Neolítico, o pigmento vermelho passou a ser extraído da cochonilha, inseto mais comumente encontrado em árvores da região Mediterrânea. Os antigos denominavam a cor vermelha de escarlate. A tonalidade mais utilizada era o ocre, empregada, também, em itens de louça, estatuaria e decoração.

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Busto da Rainha Neferfiti pintado com vermelho ocre – 1345 A.C

Para os egípcios, a cor vermelha representava a vida, a saúde e a vitória, e, por esta razão, era frequentemente utilizada para pintar os corpos durante celebrações religiosas. As mulheres egípcias também utilizavam o corante vermelho para pintar os lábios e as faces.
Entre os povos maias, asiáticos e europeus, o vermelho simbolizava a majestade e a autoridade dos impérios. Durante a Era Cristã, os trajes sacerdotais passaram a ser vermelhos, simbolizando o sangue de Cristo.

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Vitral do início do século 12, na Basílica de São Denis, em Paris, retratando a cena da Anunciação

Entre os séculos 16 e 17, o pigmento vermelho mais popular continuou a ser extraído da cochonilha. Segundo a antropóloga e historiadora Victoria Finlay, no livro A Brilliant History of Color in Art, o corante cochonilha, produzido por indígenas, tornou-se o terceiro produto em valor exportado da América do Sul, durante o período colonial – atrás somente do ouro e da prata. Atualmente, o corante cochonilha ainda é utilizado na produção de batons e esmaltes.
Pintores como Raphael, Rembrandt, Rubens e, posteriormente, Van Gogh, usavam o vermelho para acentuar a intensidade de suas obras. Em carta ao seu irmão Theo, em 1888, Vincent Van Gogh descreve a pintura O Café À Noite na Place Lamartine: “Busquei expressar com vermelho e verde as terríveis paixões humanas. O salão é vermelho sangue a amarelo pálido, com uma mesa de bilhar verde no centro, e quatro lâmpadas de amarelo limão, com nuances de laranja e verde. É uma batalha e uma antítese dos mais diferentes vermelhos e verdes.” [1]

O Café À Noite na Place Lamartine - Vincent Van Gogh (1888)
O Café À Noite na Place Lamartine – Vincent Van Gogh (1888)

Referência:
[1] Vincent Van Gogh. Corréspondénce general, número 533, citado por John Gage em Practice and Meaning from Antiquity to Abstraction.

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