VAMOS REFLETIR SOBRE A AMAZÔNIA???

AMAZÔNIA ENTRE O VERMELHO E O CLARÃO

Você não precisa ser um grande estudioso do bioma brasileiro, nem pesquisador acadêmico para entender o desastre ambiental que vivemos. Você não precisa ser ambientalista, professor de biologia, amante de ciências ou especialista em geografia para discernir sobre o inescrupuloso avanço do desmatamento diante das barbas de quem deveria propor ações de preservação a tudo isso. Você só precisa ter bom senso e gosto por leitura.

O pulmão verde do mundo agoniza numa metástase impulsionada pela bactéria da ignorância que se instala e desdenha da primazia que só a maior floresta do planeta pode nos dar...

Em 2008 o governo brasileiro criou o fundo Amazônia através de um acordo internacional para redução das emissões oriundas do desmatamento e degradação florestal. Na última década, somente a Noruega repassou mais de 3 bilhões de reais para o fundo, seguida pela Alemanha, que juntas representavam 99,5% dos investimentos do fundo, tendo o Brasil a responsabilidade orçamentária de apenas 0,5% desse montante. Recentemente, após provocações do presidente brasileiro à esses países a Alemanha foi a primeira a anunciar os cortes nos próximos repasses, no valor de aproximadamente 155 milhões de reais; em seguida a Noruega fez o mesmo. Pelo visto, nosso país tem dinheiro de sobra para manter o projeto.

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, o desmatamento na Amazônia cresceu, vertiginosamente, 278% em comparação à 2018 e como resposta à esse grave problema o governo brasileiro fez o que? Criou uma força-tarefa com medidas à curto, médio e longo prazo para coibir o desmatamento? Não! Fez o que jamais se espera de uma gestão que preserve, primeiramente, o bom senso: demitiu o diretor do INPE por ele ter divulgado os dados para a população e para a imprensa.

A Amazônia é tão importante para o ecossistema mundial que sua devastação afeta diretamente o regime pluviométrico de outras regiões; ou seja, quanto mais árvores forem derrubadas de nossa floresta, menos teremos chuvas para a colheita do que produzimos na agricultura do país e em várias outras partes do planeta.

Como se já não bastasse o negacionismo do aquecimento global, o afrouxamento da fiscalização, a intenção de legalizar o garimpo em terras indígenas, a negligência perante os desastres ambientais e a inércia frente ao avanço dos desmatamentos, o discurso oficial, agora em novo delírio, cogita os verdadeiros culpados pelas queimadas, que mais que dobraram nos últimos meses: as organizações não governamentais. Sim! Segundo a análise baseada em “achismo”; ong´s de defesa do meio ambiente estão por trás das queimadas na floresta amazônica pra prejudicarem a imagem do governo. É difícil de acreditar, mas essa é a retórica oficial.

Satélites da NASA registraram, nos últimos dias, grande concentração de queimadas em território brasileiro,  institutos brasileiros de pesquisas climáticas, como o climatempo, publicou nota afirmando que as nuvens pretas que transformaram uma tarde de segunda-feira numa noite estranha na maior cidade do país foi resultado das queimadas provocadas na região amazônica; mas como já era previsível, a noção anticiência do atual governo, demonstra, mais uma vez,  que não se importa para dados científicos, preferem suas teorias mais oníricas e surrealistas.  

É dever do ministério do meio ambiente criar estratégias para coibir os avanços desse quadro grave; mas um governo que se elegeu sem apresentar plano de governo e se quer participar de algum debate público para apresentar suas propostas para o meio ambiente, evidentemente, considera estranho; agora, ser cobrado.

Que a Amazônia não tenha mais a cor do vermelho em brasa, nem do marrom da terra exposta, resultado do clarão na mata, que o som da moto serra dê dar lugar ao canto dos pássaros e que as frases escatológicas proferidas virem adubo no solo fértil de nossa natureza, para que o atual verde-babilônia possa resplandecer em esperança verde-amazônia.  

Tiago Ortaet

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