O poder da empatia e um poder antipático - NOVO ARTIGO DE Tiago Ortaet

O PODER DA EMPATIA

Existem preceitos que aprendemos no seio familiar e usamos ao longo de toda nossa vida. A empatia é um desses conceitos que nos faz humanos mais tolerantes, responsáveis com o que fazemos e com o que dizemos. 

O poeta do rock nacional certa vez nos disse "...e fala demais por não ter nada a dizer" minha avó; mais simples e direta diria "cabeça vazia, oficina do diabo" e não se trata de moralismo, mas de decência, dignidade e decoro.
Se colocar no lugar do outro é sem dúvida um exercício de humanidade. É justamente isso que tanto falta à pseudos líderes do estado brasileiro desses tempos. 

Ser empático é sobretudo ser solidário com a dor do outro; ser gentil com o próximo, algo que pode parecer tão simples; mas que de tão raro é o cerne da questão antes que entre em extinção.

Nós últimos dias o Brasil foi orquestrado sob a égide de uma boca-metralhadora que vocifera qualquer coisa sem medir suas consequências; pior que adolescente rebelde sem causa, pior do que qualquer ataque vil antes já dito; um arremedo de discurso oficial por um fio bestial; assim ouvimos atônitos o desdém pela morte de um jovem de 26 anos, estudante de direito, pai de família e militante de grupo político. O que se passa na mente de alguém que é capaz de ser indiferente à agressão e morte sumária à outra pessoa? 

Esse questionamento se agiganta quando vemos a imagem de quem pensa de forma tão rasa; em muitos casos são cristãos. Mas a qual Cristo seguem? 

Todos nós sabemos que os porões da ditadura militar brasileira tiveram seus cúmplices, que beberam de uma fonte dos horrores; pessoas imunes a qualquer noção de empatia; que não se incomodavam com os gritos; os gemidos ou os urros dos jovens que eram diariamente torturados brutalmente debaixo de seus bigodes autoritários. Esses são tão covardes quanto os que tem suas mãos e suas almas manchadas de sangue da tortura. Esses foram apenas torcida de um ritual macabro como a própria comissão da verdade já provou. Relatos, como os de sobreviventes da tortura, que nos causam náuseas pela crueldade.

O jovem desaparecido na época, em 1973, pai do atual presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, que na época era uma criança de menos de 2 anos de idade; esse jovem foi torturado por muitos dias e depois foi incinerado; como relato de um delegado do DOPS na comissão da verdade. Como não se solidarizar com algo desse tipo?

Li uma mensagem anônima nas redes sociais que dizia o seguinte "queria entender a mente de quem segue a Cristo e defensores da ditadura ao mesmo tempo" pois é; Jesus foi condenado injustamente, preso, torturado, humilhado e executado em praça pública; diante de uma plateia tão cúmplice e que queriam ver justiça com as próprias mãos. 
Tudo isso pra dizer que ultrapassadas todas as possibilidades de empatia em seres que são vacinados contra o bom senso; nos cabe absoluto repúdio e que a liberdade de pensamento não seja desculpa para semear ódio, como temos presenciado.

Leitura, reflexão e diálogo para sermos livres e éticos com a empatia que nos é necessária para viver.
Já dizia o poeta "Quem pensa por si mesmo é livre e ser livre é coisa muito séria" 
Que jamais confundamos liberdade de expressão com atentar contra a dignidade humana.
Tiago Ortaet

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