PESQUISA CULTURAL NA CAPITAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO - RECIFE (JUNHO DE 2019)
RELATÓRIO DE VISITA OFICIAL À
SECRETARIA DE
CULTURA DA CIDADE DE RECIFE – PE
Objetivos Gerais:
·
Criar
relação de troca simbólica de experiências em políticas públicas para a cultura
·
Relacionar
a dimensão de ambas as gestões para mensuração de impacto das políticas
públicas desenvolvidas
·
Experienciar
a prática do trabalho cultural, principalmente com as comunidades da periferia
da cidade
Objetivos Específicos:
·
Dialogar
sobre o marco fundamental do desenvolvimento do Plano Municipal de Cultura
·
Analisar
a organicidade e planejamento das ações culturais em diferentes regiões da
cidade
·
Aferir
imfraestrutura e equipe técnica para desenvolvimento das atividades culturais
referentes às metas do Plano Municipal de Cultura
Durante a agenda
oficial para representar a secretaria de cultura da prefeitura de Guarulhos em
reuniões técnicas com a secretaria de cultura da cidade de Recife no estado de
Pernambuco, realizei análise técnica da realidade da capital pernambucana em
diversos aspectos e dimensões do trabalho cultural do poder público, bem como a
relação com as comunidades da periferia da cidade, com os artistas e
servidores.
Fui recebido
pelo secretário executivo Sr. Eduardo Vasconcelos que me trouxe diversos
conceitos da gestão pública de cultura como senso demográfico, distribuição das
atividades culturais em micro-regiões da cidade, orçamento público, aspectos
das comunidades, editais públicos e relação direta com os artistas locais.
Uma das
questões explanadas foi de que os bairros que sediam os ciclos juninos tem seus
moradores consultados através de reuniões públicas da secretaria para que os
mesmos possam ajudar a construir a programação; sendo que 50% da programação é
definida pela gestão e os outros 50% pelos moradores.
Existem
diversos editais públicos ao longo do ano; sendo os mais procurados: edital
para contratação de artistas com pagamento de cachês para os ciclos juninos,
carnaval e natal.
O Sr.
Eduardo me acompanhou em reunião com a secretária Leda Alves (atriz e militante
da cultura nordestina, diversas ações em seus 89 anos de vida) e aproximou do
intenso trabalho coletivo da equipe da secretaria de cultura e Fundação de
Cultura da Cidade de Recife, num período muito oportuno em que ocorrem os
tradicionais festejos juninos nos bairros e na região central.
A
importância destacada para a existência de uma fundação de cultura é de maior
participação da sociedade civil em decisões da gestão pública e captação de
recursos.
Um aspecto
preponderante percebido é a relação de parceria com lideranças comunitárias de
bairros com altos índices de vulnerabilidade social; criando programação
cultural nesses bairros; oferecendo toda infraestrutura para a realização das
atividades.
A
comunicação visual segue um padrão de identidade visual tanto na uniformização
da equipe de trabalho, bem como em banner, faixas, testeira de palco e diversas
outras estruturas dispostas nos espaços de atuação.
Em outra
agenda dialoguei com a servidora pública da secretaria de cultura local, Sra.
Carmem Lellis, historiadora e assessora da secretária de cultura; que explanou
sobre um panorama dos ciclos juninos e os coletivos participantes; apontou
ainda que os coletivos de “quadrilheiros” como são chamados os integrantes das
tradicionais quadrilhas juninas, são majoritariamente jovens de comunidades da
periferia da cidade. Ressaltou ainda a importância da subvenção oferecida pela
prefeitura à esses grupos, através de edital público; bem como o constante
diálogo prévio com esses artistas em reuniões públicas.
Em todas as oportunidades que tive de
vivenciar a atuação do poder público em gestar políticas públicas,
principalmente nas periferias da cidade, sempre tracei um paralelo com a
realidade de Guarulhos, onde atuo como gestor público, de modo à relacionar
conquistas e desafios com a nossa realidade.
Outra agenda
muito importante foi com o gestor do Conselho Municipal de Política Cultural de
Recife Sr. Zezo, na reunião dialogamos fundamentalmente sobre a propositura e
desenvolvimento prático de uma gestão compartilhada e enriquecida com o
debate junto à sociedade civil, por meio das diversas instâncias de
participação social: Plenárias Anuais de Cultura do Orçamento Participativo,
Fórum Temático de Cultura do Orçamento Participativo, Conselho Municipal de Política
Cultural, Fóruns Permanentes e Conferências Municipais de Cultura. O modelo de
gestão tem como princípios norteadores de suas ações, a pluralidade, a
participação e a valorização da cultura local, definindo objetivos para a
política cultural do município, tais como: - Desenvolver a cultura em seus
diversos campos como expressão e afirmação da identidade. - Democratizar, cada
vez mais, o acesso e descentralizar as ações culturais. - Promover ações que
estimulam a cultura em seu potencial econômico com sustentabilidade. -
Consolidar o Recife no circuito nacional e internacional da cultura.
Segundo informação relatada, a prefeitura de Recife concede
uma ajuda de custo aos integrantes da sociedade civil eleitos para o Conselho
Municipal de Política Cultural no valor de R$75 por reunião, sempre que houver
quórum; porém já há uma propositura legal para reajustar o valor para R$145.
Esse fator incentiva a participação da população em decidir os rumos da cultura
local e promove a inclusão de munícipes de bairros carentes e distantes do
centro.
O viés turístico é sempre muito considerado e as ações
partem de visão intersecretarial, de modo a construção de um política pública
integrada.
Em outra agenda visitei o Sítio da Trindade, onde aconteciam shows gratuitos à população,
diferentes espaços gastronômicos com comidas típicas nordestinas, espaço
exclusivo infantil, espaço de promoção de campanhas de outras secretarias,
espaço apropriado para as apresentações das quadrilhas juninas com
infraestrutura de grande porte (arquibancadas, tendas, sistema de som, gradil,
geradores, banheiros químicos, etc) As equipes que trabalhavam no evento
estavam todas identificadas com crachás e camisetas exclusivas do evento. A
comunicação entre eles se dava através de rádios comunicadores, o que
notadamente dava qualidade e agilidade nas informações.
Participei
ainda de outras atividades promovidas pela gestão: agendas de visitas da
secretária de cultura em 6 bairros da cidade, evento sacro-cultural procissão
Nossa Senhora da Conceição, visita ao Centro de Artesanato de Pernambuco no
Recife e Parque das Esculturas Francisco Brennand.
A imersão
que vivenciei com a equipe da secretaria de cultura de Recife me angariou novas
ideias contextualizando nossa realidade cultural de Guarulhos, bem como um
olhar macro das relações institucionais e comunitárias a fim de exercer uma
gestão pública ainda mais fundamentada em impacto social, valorização do
artista, economia criativa e política integrada.
Tiago Geraldo do Nascimento (Ortaet)
Diretor do Departamento de Atividades
Culturais
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