CRÔNICA POÉTICA DE ORTAET SOBRE EDUCAÇÃO PÚBLICA ABRE EVENTO DE EMPREENDEDORISMO SOCIAL
Sabores e Saberes
O paladar pedagógico de todo educador vem daquilo que
tempera seus sonhos por um mundo melhor, um anseio que não espera, mas supera o
que está ao seu redor. Um amor que vence negligências, suplanta as dores do
cotidiano de uma luta que sabemos de cór.
Educador é aquele que alarga horizontes, que professa
aos “Quem me dera?” para “Eu me dou” de
uma fonte inesgotável que se lança por uma nova atmosfera diante desse ar
rarefeito que para muitos se acabou. Digam todos “Eu me dou o direito de
estudar!” O direito de ser livre! Educação liberta, estupidez aprisiona!
Somos muitos! Somos sabores espalhados em cada canto desse
país. Convidando que nos provem... Essa é a melhor prova da educação. Eles
precisam saber disso!
Nós em rizoma! Nós que somos soma quando o assunto é lutar,
que somos ímpeto de amor para gerar transformação, gestamos o futuro com livros
na mão e não tememos cara feia... Nossa matriz, se não for pedir muito, peço
que leia.
Seguimos de cabeça erguida para alçar os horizontes desse
país que é nosso; quando eu digo que quero eu vou dizer que posso...
Sabemos do
nosso passado excludente, do histórico da nossa política indecente, das nossas
páginas manchadas de sangue e vamos sim reparar nossas injustiças sociais mais
profundas, enraizadas...
E mesmo assim, quando o ar estiver rarefeito a cultura é
nossa molécula mais fugaz desse oxigênio que produzimos para inspirar tantos
outros.
Caminhamos ao nosso redescobrimento, descobrindo desde o
amor no olhar do menino da favela ou da inquietude por tudo que está ao nosso
redor, do afeto, do céu como teto e as experiências vividas em sala de aula.
Concebo sala de aula com olhares horizontes, com potencias poéticas e sobretudo
com a pluralidade que emana dessa relação.
Nossa voz é mais alta que o sinal da escola por que encurta
distâncias com uma sonoridade afetiva que reverbera vida a fora, esse sino está
dentro da gente e toca sempre que estamos diante de uma criança, de um jovem,
de um ser humano... Seguimos em plantão 24 horas com a contundência de
atravessar barreiras do político que ignora a pujança da educação, que sabe tão
pouco desse levante, desse protagonismo, desse mutirão.
Sou devoto da Educação que vence o ódio, o ímpio e a
ignorância, educador que escreve o presente com sorrisos de esperança. Sou
matriculado na escola que vence cortiços, palafitas e falta de saneamento
básico.
E que seja sempre registrada nossa batalha e se é que é preciso
explicar o óbvio, que seja dito em uníssono, numa frase que me represente e que
me valha; não esqueça “Criança não trabalha” amadureça sua civilidade por que
de verdade um educador não é de jogar a tolha, nesse jogo sombrio e medieval;
nosso “fio da navalha” é formar empoderamento intelectual.
Tiago Ortaet é educador, diretor de teatro e escritor; atualmente está
diretor de direitos humanos da cidade de Guarulhos e professor universitário
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