NA EDIÇÃO DESSA SEXTA-FEIRA DO JORNAL GUARULHOS HOJE - ARTIGO O FAZEDOR DE IMAGENS
O
menino na beira do rio, se banha diante do sol do sertão, compõe no ato
brincante a imagem da brasilidade; da essência, do antes, do durante e do
depois. Seu ideal tem a mistura de um baião de dois; uma seresta, um sarau e
uma festa; a simplicidade do feijão com arroz.
O
fazedor de imagens cata coisas pela rua, cata-vento dos tempos de outrora, pra
ser feliz não tem hora, tem pressa, tem a letra no lugar certo do conto, ele
que tudo vê, que tudo junta, tem nova peça, tem um transbordamento de coisas
que faz arrevoada de utopias, de sonetos e poesias...
Nordestino
que revigora em surrupios de traquinagens, em seu caminho, muitos sim e outros
não; todos em devoção; todos em arte que irriga seu coração... Muitos mergulhos
em não arengar com seu destino, o cumpre como o escultor que faz a imagem no
entalhe na madeira, no detalhe de sua pintura derradeira...
Ele
desenha nos veios, busca matérias e meios, repousa sobre o ócio criativo,
instantes e devaneios, o homem-verbo brinca com o substantivo; do país que leio,
ele leu primeiro; para o ato cultural não tem aperreio!
O
pé descalço no solo rachado trouxe o folclorista, a pele enrugada da noite
passarada trouxe o cantador, romanceiro sonhador; de verso sempre renovado,
artista iluminado, que cria e conta, que atrai gente, que reza o repente.
Lar
de Cajazeiras, com as guarulhadas de suas mãos criativas, seus bonecos, livros
e liberdade; nesse lar adentramos, estampada sua verdade no deleite de seus
amores mais simbióticos, nos seus cômodos e insights, intempéries e sinapses do
ato criador; lá está em todo lugar, em cada objeto, em casa-objetivo... A muvuca criativa do mestre cantador floresce
seu interior, seu ato de amor, seja no eco de sua oratória, seja na sua fé, no
lastro de sua arte, de sua eloquência em toda parte, romeiro que segue de pé
empunhando seu estandarte...
Melodias
emanadas da sanfona, com seu ato profético que deseja vir à tona; como o
artista que não rejeita o palco, a lona, não nega seu destino e cumpre com a
leveza de um menino que a magia proporciona...
Devoto
da cultura popular, brincante na vida, realizador, predestinado,como a pipa que
baila no céu, como o ato cortês de tirar o chapéu, segue seu compasso; seu amor
em cordel, valei-me Bosco Maciel.
TEXTO CURATORIAL DE TIAGO ORTAET, REFERENTE À EXPOSIÇÃO HOMÔNIMA EM CARTAZ NA CASA AMARELA, PATRIMÔNIO HISTÓRICO DA CIDADE DE GUARULHOS; ATÉ 30 DE AGOSTO; EM HOMENAGEM AO ARTISTA BOSCO MACIEL.
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