COMPARTILHANDO MATÉRIA DA REVISTA NOVA ESCOLA BY LAÍS SEMÍS
Luciana Xavier: “Eu não sou coitadinha, sou uma profissional da Educação”
Professora agredida durante manifestação contra o projeto de reforma da previdência paulista relata os acontecimentos do dia que marcará sua história para sempre
“Eu não sou missionária, eu não sou heroína, eu não sou coitadinha. Eu sou uma profissional da Educação, sou uma trabalhadora”, diz Luciana Xavier, 41 anos, residente em Guarulhos, na Grande São Paulo. No dia 14 de março, o rosto ensanguentado da professora do Centro de Educação Infantil Helena Pereira de Morais, em São Miguel Paulista, zona leste da capital paulista, estampou jornais e correu as redes sociais. Luciana acompanhava a sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Vereadores que votaria o projeto de lei 621/16 quando foi atingida por um golpe de cassetete de um membro da Guarda Civil Metropolitana (GCM). A agressão resultou em uma fratura no nariz e ela ainda se recupera do episódio – física e psicologicamente.
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Luciana formou-se no curso de Magistério em 1996, com uma bolsa de estudos, e emendou com Pedagogia. “Eu caí no Magistério por acaso, mas foi aí que os primeiros sinais de que eu tinha uma ligação com a Educação despertaram em mim”, relembra Luciana. O sentimento ficou adormecido durante alguns anos pela dificuldade em encontrar um emprego na sua área de formação e por necessidades financeiras. De 1996 a 2003, ela trabalhou em várias empresas até ser chamada aprovada em um concurso público da prefeitura de São Paulo. “A Educação é um caminho sem volta. Quando fui descobrindo que como professora eu poderia melhorar e mudar a situação de muitas pessoas, isso me conquistou”. Acompanhe a seguir os principais momentos da entrevista com a professora e sua participação no movimento dos professores municipais em São Paulo.
A proposta do projeto de lei 621/16, que propõe a reforma da previdência para servidores públicos municipais, mobilizou especialmente os professores. Essa discussão teve início na gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), mas ganhou destaque agora. Desde quando você está mobilizada nessa pauta?Eu sempre participei das manifestações contra a reforma da previdência. No governo Haddad eu fiz 42 dias de greve. Desde que comecei a trabalhar para a prefeitura, fui a congressos para me informar sobre essa formação política que a gente não tem nas escolas. Queria entender porque meu par dentro da escola apenas executa o trabalho dele, mas não questiona, não participa... ou porque nós temos que ter dois cargos para conseguir sustentar a família. São questões que foram me incomodando com o tempo. Em 2011, eu me filiei ao sindicato e hoje sou representante. Vou às reuniões porque quero saber o que está acontecendo. Muitas vezes, não acho que a lógica seja tirar o presidente [Michel Temer], mas sim dizer a eles: ‘Estou aqui e quero representatividade’. Essa sempre foi minha questão. Sempre questionei diretores, coordenadores sobre a nossa proposta de projeto político-pedagógico (PPP), por que era daquele jeito, onde estava escrito tal coisa, onde estava tal documento. Tenho muita tranquilidade em dizer que se alguém perguntar pela professora Luciana Xavier da Silva em qualquer uma das sete escolas pelas quais passei nesses 14 anos de prefeitura, não vai encontrar nada que me desabone. Vão me reconhecer como uma professora de luta, uma militante pela Educação.
Você disse que na gestão Haddad fez 42 dias de greve. Nessa época, você também foi pra rua?Sim. Minha barraca foi uma das primeiras que chegou em frente à prefeitura em 2014. Como o acampamento foi logo na sequência das manifestações do Passe Livre [contra o aumento na tarifa do transporte público], estávamos bem mobilizados. Na minha vida, 2014 foi um divisor de águas. E o que me assustou foi ter feito 42 dias de greve no governo anterior e não ter sofrido um arranhão. Em 2016 e 2017, fui a Brasília para protestar contra a reforma da previdência do governo. Achei que ia me machucar porque era muita cavalaria. Passei por bombas de gás lacrimogêneo - sem saber até então o que era aquilo que ardia meu olho - e carro pegando fogo. Fui me machucar no lugar onde eu menos esperava - que foi na Câmara Municipal. Cheguei cedo para pegar a senha, fui revistada na entrada. Eu não oferecia risco a ninguém e nem ao patrimônio. Eu e os outros professores estávamos gritando apenas palavras de ordem - que era o mínimo que a gente podia fazer. Quando eu vi aquele cassetete vindo na minha direção, fiquei paralisada. Foi tudo muito rápido. Eu não esperava, de verdade.
Como foi sua participação no dia do protesto na Câmara? Você chegou muito cedo para entrar? A greve deu início no dia 8 de março e eu já vinha nesse processo de greve. Cheguei por volta das 10h30 no dia 14 para montar minha barraca e já tinha professores acampados desde o dia anterior. Um desses professores se organizou com a Câmara Municipal e conseguiu 20 senhas para as pessoas que estavam acampadas. A minha foi a de número 19. Só que enquanto fui pegar uma fruta na minha barraca e voltei, perto das 11h, o portão já estava fechado e não me deixaram entrar mesmo com a senha. Nesse momento, vários professores tentavam subir na grade, mas eu e outros colegas paramos tudo e abrimos o portão, que estava sem cadeado. Aí foi o início do nervosismo, mas não tinha confusão. Ficamos na área externa da Câmara. Foi então que o sindicato negociou a entrada de 150 pessoas. Mas imagina: era um funil. Mais de mil pessoas querendo entrar. Eles abriram um pouco da porta e entramos empurrados. Fomos revistados e a equipe de choque já estava mobilizada, mas só de prontidão.
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E no Salão Nobre, qual era a sensação?Dentro da Câmara, quando começaram a leitura do projeto, a gente gritava palavras de ordem. “Retira, retira, retira!”. Os ânimos foram se exaltando, não conseguimos ficar sentados e fomos chegando mais perto. Mas tudo pacificamente: a GCM fazendo o trabalho deles ali de contenção para não chegarmos tão perto, mas não tinha um ato declarado de violência. Passaram-se uns 10 ou 15 minutos que estávamos lá dentro e chegamos mais perto da mesa, dando os braços um para o outro para fazer uma barreira porque no empurra-empurra tinha pessoas querendo ir mais para a frente. Nessa aproximação, a GCM formou um cordão humano. Eles já estavam com o cassetete levantado. Eu parei. Na hora em que eu comecei a gritar ‘Afasta, eles vão bater na gente!’, mal terminei a frase e senti uma coisa quente no meu rosto; era o sangue descendo. Fiquei sem ação e o que me intriga é entender que risco eu oferecia naquele momento? Qual é o perigo se eu tenho 1,61m de altura, fui revistada na entrada e não estava com nenhum objeto perigoso? Foi tudo muito rápido, muito rápido. Eu só lembro disso.
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Luciana formou-se no curso de Magistério em 1996, com uma bolsa de estudos, e emendou com Pedagogia. “Eu caí no Magistério por acaso, mas foi aí que os primeiros sinais de que eu tinha uma ligação com a Educação despertaram em mim”, relembra Luciana. O sentimento ficou adormecido durante alguns anos pela dificuldade em encontrar um emprego na sua área de formação e por necessidades financeiras. De 1996 a 2003, ela trabalhou em várias empresas até ser chamada aprovada em um concurso público da prefeitura de São Paulo. “A Educação é um caminho sem volta. Quando fui descobrindo que como professora eu poderia melhorar e mudar a situação de muitas pessoas, isso me conquistou”. Acompanhe a seguir os principais momentos da entrevista com a professora e sua participação no movimento dos professores municipais em São Paulo.
A proposta do projeto de lei 621/16, que propõe a reforma da previdência para servidores públicos municipais, mobilizou especialmente os professores. Essa discussão teve início na gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), mas ganhou destaque agora. Desde quando você está mobilizada nessa pauta?Eu sempre participei das manifestações contra a reforma da previdência. No governo Haddad eu fiz 42 dias de greve. Desde que comecei a trabalhar para a prefeitura, fui a congressos para me informar sobre essa formação política que a gente não tem nas escolas. Queria entender porque meu par dentro da escola apenas executa o trabalho dele, mas não questiona, não participa... ou porque nós temos que ter dois cargos para conseguir sustentar a família. São questões que foram me incomodando com o tempo. Em 2011, eu me filiei ao sindicato e hoje sou representante. Vou às reuniões porque quero saber o que está acontecendo. Muitas vezes, não acho que a lógica seja tirar o presidente [Michel Temer], mas sim dizer a eles: ‘Estou aqui e quero representatividade’. Essa sempre foi minha questão. Sempre questionei diretores, coordenadores sobre a nossa proposta de projeto político-pedagógico (PPP), por que era daquele jeito, onde estava escrito tal coisa, onde estava tal documento. Tenho muita tranquilidade em dizer que se alguém perguntar pela professora Luciana Xavier da Silva em qualquer uma das sete escolas pelas quais passei nesses 14 anos de prefeitura, não vai encontrar nada que me desabone. Vão me reconhecer como uma professora de luta, uma militante pela Educação.
Você disse que na gestão Haddad fez 42 dias de greve. Nessa época, você também foi pra rua?Sim. Minha barraca foi uma das primeiras que chegou em frente à prefeitura em 2014. Como o acampamento foi logo na sequência das manifestações do Passe Livre [contra o aumento na tarifa do transporte público], estávamos bem mobilizados. Na minha vida, 2014 foi um divisor de águas. E o que me assustou foi ter feito 42 dias de greve no governo anterior e não ter sofrido um arranhão. Em 2016 e 2017, fui a Brasília para protestar contra a reforma da previdência do governo. Achei que ia me machucar porque era muita cavalaria. Passei por bombas de gás lacrimogêneo - sem saber até então o que era aquilo que ardia meu olho - e carro pegando fogo. Fui me machucar no lugar onde eu menos esperava - que foi na Câmara Municipal. Cheguei cedo para pegar a senha, fui revistada na entrada. Eu não oferecia risco a ninguém e nem ao patrimônio. Eu e os outros professores estávamos gritando apenas palavras de ordem - que era o mínimo que a gente podia fazer. Quando eu vi aquele cassetete vindo na minha direção, fiquei paralisada. Foi tudo muito rápido. Eu não esperava, de verdade.
Como foi sua participação no dia do protesto na Câmara? Você chegou muito cedo para entrar? A greve deu início no dia 8 de março e eu já vinha nesse processo de greve. Cheguei por volta das 10h30 no dia 14 para montar minha barraca e já tinha professores acampados desde o dia anterior. Um desses professores se organizou com a Câmara Municipal e conseguiu 20 senhas para as pessoas que estavam acampadas. A minha foi a de número 19. Só que enquanto fui pegar uma fruta na minha barraca e voltei, perto das 11h, o portão já estava fechado e não me deixaram entrar mesmo com a senha. Nesse momento, vários professores tentavam subir na grade, mas eu e outros colegas paramos tudo e abrimos o portão, que estava sem cadeado. Aí foi o início do nervosismo, mas não tinha confusão. Ficamos na área externa da Câmara. Foi então que o sindicato negociou a entrada de 150 pessoas. Mas imagina: era um funil. Mais de mil pessoas querendo entrar. Eles abriram um pouco da porta e entramos empurrados. Fomos revistados e a equipe de choque já estava mobilizada, mas só de prontidão.
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E no Salão Nobre, qual era a sensação?Dentro da Câmara, quando começaram a leitura do projeto, a gente gritava palavras de ordem. “Retira, retira, retira!”. Os ânimos foram se exaltando, não conseguimos ficar sentados e fomos chegando mais perto. Mas tudo pacificamente: a GCM fazendo o trabalho deles ali de contenção para não chegarmos tão perto, mas não tinha um ato declarado de violência. Passaram-se uns 10 ou 15 minutos que estávamos lá dentro e chegamos mais perto da mesa, dando os braços um para o outro para fazer uma barreira porque no empurra-empurra tinha pessoas querendo ir mais para a frente. Nessa aproximação, a GCM formou um cordão humano. Eles já estavam com o cassetete levantado. Eu parei. Na hora em que eu comecei a gritar ‘Afasta, eles vão bater na gente!’, mal terminei a frase e senti uma coisa quente no meu rosto; era o sangue descendo. Fiquei sem ação e o que me intriga é entender que risco eu oferecia naquele momento? Qual é o perigo se eu tenho 1,61m de altura, fui revistada na entrada e não estava com nenhum objeto perigoso? Foi tudo muito rápido, muito rápido. Eu só lembro disso.
E o que aconteceu depois de levar esse golpe no rosto?Eu estava ao lado de outros colegas, mas eles também tentavam se defender. Sabe quando você está em uma guerra e é meio “Salve-se quem puder”? Foi assim. Tinha uma amiga que estava próxima de mim e me tirou do meio da confusão para prestar assistência. Logo em seguida já chegaram os bombeiros. Tudo aconteceu em segundos. O bombeiro foi super atencioso e me levou para outra sala. O [vereador Eduardo] Suplicy (PT) chegou com a assessora para me ajudar e ficaram o tempo todo ali comigo. Eu gritava que não era vândala e questionava o que tinham feito com meu rosto e porquê. Eles ajudaram a me acalmar, só que do lado de fora, pelo barulho, eu sabia que estava rolando uma confusão e aquilo me deixava muito agitava. O ruído das bombas [do lado de fora] era ensurdecedor e parecia vir do céu, da terra, de todos os lados. Como as imagens em que eu estava com o rosto ensanguentado foram multiplicadas muito rápido pelos grupos de WhatsApp e redes sociais e como trabalhei em diferentes diretorias regionais de ensino aqui em São Paulo, sou uma professora conhecida na rede e muita gente me reconheceu. Em coisa de 10 minutos essas fotos chegaram para a turma do lado de fora, as pessoas desataram a gritar “Estão batendo nos professores lá dentro”, tentando entrar e a confusão foi generalizada.
Você foi encaminhada ao hospital depois da primeira assistência dada pelos bombeiros? Que procedimentos médicos você encarou de lá para cá?Como não tenho convênio particular, pedi para ser atendida no Hospital do Servidor Público. Esperei bastante e fui atendida por um clínico geral. O exame de raio X constatou a fratura. Até uma pessoa leiga ia perceber que o meu nariz estava quebrado. Fui encaminhada a um médico bucomaxilo. Fui atendida no corredor, pois não havia sala para o especialista naquele dia. Como esteticamente eu estava bem e havia chance dos ossos colarem naturalmente, passei por uma nova avaliação no dia seguinte e novamente nesta semana para ver se o funcional estava bem. Como a intervenção cirúrgica seria agressiva e estou me recuperando aos poucos mas bem, por decisão do médico e minha decidimos não fazer o procedimento. Estou de alta e com sete dias de atestado para ficar de repouso e me recuperar.
Logo após a agressão, quando você se recuperava na outra sala, com todo aquele barulho, o que te passava pela cabeça?Eu não consigo descrever. Não quero pensar sobre isso nesse momento porque quero fazer desse acontecimento uma bandeira positiva. Isso me encorajou a querer voltar a estudar, a fazer mestrado, a ir mais fundo nas condições de trabalho que temos, o porquê fazemos greve, porque o professor precisa trabalhar em dois cargos para manter a família. Uma profissão que deveria ser tão valorizada, chegar ao ponto de ter que fazer greve? Olha que humilhação: acampar? Isso é inversão de valores da sociedade. A gente está nessa profissão para frutificar, para que o indivíduo tenha pertencimento. A gente não quer fazer uma rebelião no mundo. A gente só quer um mundo mais humanitário de igualdade social.
Quando você se deu conta de que sua imagem tinha ganhado a mídia, qual foi sua reação?Eu só tenho uma frase a dizer: quebraram o nariz errado porque isso só me fortaleceu. É o único sentimento que eu tenho agora. Eu quero transformar tudo isso em mais do que um número. Eu vou fazer de todos os meus dias mais do que nunca a bandeira da igualdade social. A bandeira de professores trabalhadores. Nós não somos melhores nem missionários, somos trabalhadores. Precisamos ser pagos e valorizados. Eu não sou missionária, eu não sou heroína, eu não sou coitadinha. Eu sou uma profissional da Educação, eu sou uma trabalhadora. Eu saí mais fortalecida do que nunca.
No dia seguinte a esse primeiro protesto, o número de manifestantes foi ainda maior. A votação do projeto de lei foi adiada. Você acredita que o fato da sua agressão ter repercutido tanto na mídia e entre os professores ajudou de alguma forma esse movimento contra a reforma da previdência?Eu não quero ser ingrata com meus companheiros porque todos estavam ali e sempre se dispõem a lutar. Pelas mensagens que tenho recebido pelas redes sociais, pelo retorno da comunidade e por um ato que aconteceu em minha escola, eu só posso acreditar que o ocorrido fortaleceu o movimento.
Você foi encaminhada ao hospital depois da primeira assistência dada pelos bombeiros? Que procedimentos médicos você encarou de lá para cá?Como não tenho convênio particular, pedi para ser atendida no Hospital do Servidor Público. Esperei bastante e fui atendida por um clínico geral. O exame de raio X constatou a fratura. Até uma pessoa leiga ia perceber que o meu nariz estava quebrado. Fui encaminhada a um médico bucomaxilo. Fui atendida no corredor, pois não havia sala para o especialista naquele dia. Como esteticamente eu estava bem e havia chance dos ossos colarem naturalmente, passei por uma nova avaliação no dia seguinte e novamente nesta semana para ver se o funcional estava bem. Como a intervenção cirúrgica seria agressiva e estou me recuperando aos poucos mas bem, por decisão do médico e minha decidimos não fazer o procedimento. Estou de alta e com sete dias de atestado para ficar de repouso e me recuperar.
Logo após a agressão, quando você se recuperava na outra sala, com todo aquele barulho, o que te passava pela cabeça?Eu não consigo descrever. Não quero pensar sobre isso nesse momento porque quero fazer desse acontecimento uma bandeira positiva. Isso me encorajou a querer voltar a estudar, a fazer mestrado, a ir mais fundo nas condições de trabalho que temos, o porquê fazemos greve, porque o professor precisa trabalhar em dois cargos para manter a família. Uma profissão que deveria ser tão valorizada, chegar ao ponto de ter que fazer greve? Olha que humilhação: acampar? Isso é inversão de valores da sociedade. A gente está nessa profissão para frutificar, para que o indivíduo tenha pertencimento. A gente não quer fazer uma rebelião no mundo. A gente só quer um mundo mais humanitário de igualdade social.
Quando você se deu conta de que sua imagem tinha ganhado a mídia, qual foi sua reação?Eu só tenho uma frase a dizer: quebraram o nariz errado porque isso só me fortaleceu. É o único sentimento que eu tenho agora. Eu quero transformar tudo isso em mais do que um número. Eu vou fazer de todos os meus dias mais do que nunca a bandeira da igualdade social. A bandeira de professores trabalhadores. Nós não somos melhores nem missionários, somos trabalhadores. Precisamos ser pagos e valorizados. Eu não sou missionária, eu não sou heroína, eu não sou coitadinha. Eu sou uma profissional da Educação, eu sou uma trabalhadora. Eu saí mais fortalecida do que nunca.
No dia seguinte a esse primeiro protesto, o número de manifestantes foi ainda maior. A votação do projeto de lei foi adiada. Você acredita que o fato da sua agressão ter repercutido tanto na mídia e entre os professores ajudou de alguma forma esse movimento contra a reforma da previdência?Eu não quero ser ingrata com meus companheiros porque todos estavam ali e sempre se dispõem a lutar. Pelas mensagens que tenho recebido pelas redes sociais, pelo retorno da comunidade e por um ato que aconteceu em minha escola, eu só posso acreditar que o ocorrido fortaleceu o movimento.
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