RELATÓRIO 02 - OFICINA DE TEATRO SOCIAL - Prof. Tiago Ortaet 2024

 RELATÓRIO DE ENCONTRO TEATRAL

Sábado, 27 de abril de 2024

 

Iniciei o encontro propondo uma reflexão do encontro anterior e apontando diretrizes para nossa futura produção cênica.

 



Ressaltei que nossas pesquisas culminarão na construção de uma esquete teatral. Abordei aspectos que envolvem a construção dramatúrgica, a composição de cenários, a escolha de objetos cênicos, sonoplastia, iluminação, trilha sonora, interpretação, direção, marcação de palco, maquiagem, figurino, divulgação da peça etc. Desse modo os aprendizes puderam, antecipadamente, ter uma dimensão da complexidade da produção cultural e toda responsabilidade para sua feitura.

 

Atentei também para a assiduidade e pontualidade do elenco conforme consta no código de ética assinado por todos os pais/responsáveis no primeiro dia da oficina.

 

Comuniquei também que a partir do próximo encontro os pais deverão aguardar numa sala ao lado e não mais no espaço de aula.

 

Sendo parte de minha metodologia de ensino, sempre quando coordeno turmas infantis, faço questão da presença dos responsáveis nos dois primeiros encontros para que acompanhem integralmente as aulas, primeiramente para terem segurança dos conteúdos pedagógicos utilizados com os aprendizes e também para estabelecerem maior vínculo com o professor; porém, a partir do terceiro encontro é mais saudável e produtivo artisticamente que os mesmos passem a aguardar os filhos fora do ambiente de aula por vários motivos:

* para que os aprendizes possam contar aos seus pais, posteriormente à aula, as vivências teatrais (isso reforça o aprendizado).

* para que os aprendizes fiquem mais à vontade na interação com os colegas (isso reforça a independência).

* para preservar o elemento surpresa das cenas criadas que serão futuramente apresentadas.

 

Indiquei que todos os pais ou responsáveis das crianças e adolescentes podem e devem participar do grupo de whatsapp criado para comunicação entre professor e turma. Quanto mais os pais se envolverem com o aprendizado dos seus filhos, melhor será o desempenho deles.

 

Abri espaço para que todos que tivessem dúvidas sobre os conteúdos da oficina pudessem se manifestar. Após a sessão tira-dúvidas iniciamos o processo criativo:

 

Expus a temática do nosso segundo encontro: CONFIANÇA (em si mesmo e no colega de cena)

 

* CAMINHANDO COM INTENÇÕES – CONFIANÇA NO DISCURSO - CAUSALIDADE
Os aprendizes foram orientados a caminharem pelo espaço cênico e imprimirem em sua expressão corporal os seguintes contextos: atrasado para a aula de teatro. (os elementos vão se somando). Atrasado para a aula de teatro e encontrando um conhecido no meio do caminho, mas não pôde dar muita atenção, pois estava com pressa. Atrasado mas encontrou um motivo que valia a pena se atrasar. (eles deveriam interagir com colegas, os nomeando livremente - improviso)

Habilidades/competências desenvolvidas: Orientação espacial, raciocínio lógico, discurso argumentativo, interatividade e criatividade.

 

* MAPEAMENTO SONORO MENTAL

Os aprendizes deveriam concentrar-se em os diferentes sons do espaço cênico (de olhos fechados) de modo a aguçar o sentido da escuta, identificando mentalmente cada um dos sons que pudessem ser ouvidos, dentro e fora do espaço cênico: canto de pássaro, freio de ônibus, voz de mulher, barulho de cadeira sendo arrastada, som de avião, voz de criança, latido de cachorro etc.

Habilidades/competências desenvolvidas: Pensamento organizacional, elegibilidade, decodificação sonora e percepção auditiva.

 

* DIREÇÃO SONORA A PARTIR DE INSTRUMENTO INDÍGENA

De olhos fechados, os aprendizes deviam se deslocar tateando com as mãos o que houvesse em sua frente, de modo a permitir um deslocamento mais seguro. Todos atores/atrizes deveriam ser guiados pela sonoridade de um instrumento indígena. A medida que o som desse instrumento se deslocava pelo espaço, mudava também o deslocamento dos corpos em cena. Os três plano de expressão corporal foram explorados: alto, médio e baixo. Todos foram orientados sobre o contato físico entre os corpos dos atores/atrizes quanto ao absoluto respeito, considerando que cada corpo é um templo sagrado e principal instrumento de trabalho para o fazer teatral. Confiar em seu sentido (audição) e caminhar cuidadosamente para não esbarrar nos colegas era um dos desafios propostos nesse jogo teatral.

Habilidades/competências desenvolvidas: Percepção sonora...

 

* CONDUZIR E SER CONDUZIDO

Em duplas os aprendizes deveriam caminhar cada qual numa situação oposta ao outro: enquanto um vivenciaria uma pessoa com deficiência (cego) o outro deveria conduzi-lo seguramente pelo espaço. Foi orientado sobre a total responsabilidade com a integridade física do colega que seria conduzido. Durante o percurso simultâneo de todas as duplas pelo espaço de aula e até pelo lado externo da sala, o professor soava um sino repentinamente próximo ao ouvido de algum dos atores/atrizes que estivessem de olhos fechados sendo conduzidos. Essa ação-surpresa causava ainda mais apreensão. Depois de todo o livre percurso, os papéis foram invertidos, portanto, quem conduziu, passou a ser conduzido.

Ao final do exercício todos estavam nitidamente inquietos e ansiosos para falarem sobre a experiência.

Dentre as muitas perguntas mobilizadoras feitas pelo professor, estavam as seguintes:

Como você define a sensação de ter caminhado por um caminho incerto, sem a segurança de ver?

Qual foi sua primeira reação ao ouvir o som estridente do sino de repente próximo ao seu ouvido?]

Você se sentiu mais confortável conduzindo ou sendo conduzido? Por que?

Você acha que passou confiança para a pessoa que você conduziu? Se sim, de qual maneira?

Você sentiu confiança na pessoa que lhe conduziu pelo espaço?

Após um longo tempo de muitas falas sobre as impressões de cada um, passamos para a próxima etapa.

Habilidades/competências desenvolvidas: Confiabilidade, adaptabilidade, percepção espacial...

 

* CORPO-PÊNDULO

Em trios, os aprendizes deveriam estabelecer quem deles seria o ponteiro de um barômetro que ficaria de um lado para o outro, num ritmo compassado e tendo seu corpo estruturado/empurrado pelos outros dois colegas, cada um de um lado.

O ator/jogador central deveria ficar de olhos fechados e confiar que os colegas fariam o pêndulo de seu corpo em segurança.

Após um tempo, os papéis eram revezados, de modo que todos passassem pela experiência.

Habilidades/competências desenvolvidas: Trabalho em equipe, equilíbrio, confiabilidade...

 

 

* SALTO NO ESCURO

Duas fileiras foram criadas diante de uma mesa, ambas as filas de frente uns para os outros, deveriam entrelaçar os braços de modo que ficassem bem firmes. Um(a) voluntário deveria subir sobre a mesa, ficar de costas para aquela espécie de “cama de gato” fechar os olhos e responder a pergunta do professor: Você quer se jogar sozinho(a) ou prefere que eu empurre levemente pra trás? Alguns preferiram irem por conta própria e outros já preferiram que eu os empurrassem.

Ao cair sobre os braços do elenco, os mesmos deveriam conduzir coletivamente esse colega até o máximo que conseguissem no corredor formado pelas fileiras.

Habilidades/competências desenvolvidas: Cooperatividade, raciocínio lógico, agilidade, percepção visual, percepção sonora, espacialidade...

 

Houve pausa para o lanche da tarde oferecido pela instituição e em seguida retornaram para a segunda parte do encontro:

 

* ENTREGA DE ILUSTRAÇÕES PARA ATIVIDADE EM CASA

Cada aprendiz recebeu uma ilustração original de um dos livros infantis e autorais do professor. Nessas imagens haviam somente desenhos e nenhum texto. O professor ressaltou a confiança depositada em cada um para que levassem para casa, as partes dessa obra literária e então compusessem uma narrativa a partir da imagem.

A atividade deveria ser realizada em casa e registrada na caderneta de anotações e pesquisas teatrais.

Habilidades/competências desenvolvidas: Criatividade, leitura imagética e criação de narrativa...


* RODA SIMULACRO DE RITO INDÍGENA TEATRAL (TOKIPATOKI)

Todos em roda, foram orientados a terem postura corporal de ataque, braços entrelaçados, cadência rítmica realizada com os dois pés e entoação do canto:

Toki patoki, patokitaki, tikete, tikete, tumba, tumba, tumba, tumba.

Foi explicado sobre o respeito perante as culturas ancestrais e aos povos originários.

Habilidades/competências desenvolvidas: Culturalidade, sincronicidade, expressividade…

 

* EXPLANAÇÕES INDIVIDUAIS DA PESQUISA SOBRE CHARLIE CHAPLIN

Os aprendizes tiveram espaço para apresentar oralmente os conteúdos pesquisados em casa durante a semana e tiveram seus cadernos vistados pelo professor.

Habilidades/competências desenvolvidas: Oralidade, seletividade, coesão, expressividade…

 

* RODA EVOÉ

Uma roda rítmica que mistura intensidade de voz e de corpo, tendo o centro da roda como clímax da energia teatral. Um jeito lúdico de colocar todos e todas em sintonia para a prática teatral.

Habilidades/competências desenvolvidas: Ludicidade, coletividade…

 

No período final do encontro iniciamos um ciclo de gravações de conteúdos sobre o processo criativo com falas dos participantes sobre a essência teatral que estamos estudando. Semanalmente teremos diferentes participantes nesses registros.

 

Nessa semana quem levou o “DAIKI” para casa foi o aprendiz Gustavo.

 

 



 

 

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Tiago Ortaet

Arte/educador, especialista em linguagens da arte pela USP

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