RAÍZES CULTURAIS

Adoro falar e escrever sobre raízes culturais, me encanta conhecer histórias daqueles que vieram antes de nós, noutros tempos, noutros contextos... Hoje ao colocar um dos meus muitos chapéus sob a estante da sala, fui arrebatado por essa imagem que parece que foi montada e diz tanto sobre quem sou, inclusive sobre meus antepassados. Fiquei por longos segundos paralisado, apenas apreciando a composição dos objetos, como se alguém tivesse montado essa cena de presente pra mim, as estéticas da vida da gente, formam nossa memória afetiva. A escultura de barro, comprei em Caruaru, nas minhas recentes férias, o papel e a caneta foram rastros da aula que tive hoje, o chapéu eu coloquei ao lado e essa cena me pegou.

Minha mãe dizia que eu tenho muitas coisas em comum com meu avô, José Alves de Lyra, um sertanejo do agreste pernambucano, que mesmo sem nunca ter tido oportunidade de estudar, era um senhor sábio, poeta que amava criar versos, gostava de política e de usar chapéu. Eu não o conheci, infelizmente. Lamento muito não ter podido conviver com meus avós, talvez por isso sou tão atento aos idosos que cruzam meu caminho, os ouço com tanto prazer e atenção, como quem quisesse ser um pouco neto dos que não pude. Tanta gente que é avó ou avô conhece bem o encanto de ser, eu que devo estar tão longe de ser, fico aqui criando pontes com o futuro. Tantas palavras apenas para dizer que sou ancestralidade nordestina da cabeça aos pés e tenho muito orgulho disso.