COMO FOI MAIS UM CONCERTO DA ORQUESTRA JOVEM DE GUARULHOS???


Foto: Carla Maio

Um espetáculo emocionante, marcado pela acuidade técnica dos jovens instrumentistas e pela genialidade do repertório apresentado. No último sábado (27), o Teatro Adamastor foi palco de mais um grande espetáculo da Orquestra Jovem Municipal de Guarulhos (OJMG), que presenteou a ansiosa plateia com honrosa homenagem aos 80 anos do cubano Leo Brouwer, um dos maiores violonistas da atualidade.
Além do “Concerto nº 2”, de Brouwer, executado com maestria e leveza pelo violonista Fábio Zanon, o programa destacou ainda “Rito de Evocação dos Sons Ancestrais”, obra do jovem compositor brasileiro, o paulistano Matheus Bitondi, e a “Sinfonia nº. 103 em Mib Maior”, de Joseph Haydn. 
De acordo com o maestro regente, Emiliano Patarra, é iniciativa da Temporada 2019 da Orquestra Jovem mostrar ao grande público produções recentes de compositores contemporâneos. “Há muitos compositores ativos, construindo suas obras e interagindo com os intérpretes, colaborando com produções extremamente autênticas e atuais, que ecoam a diversidade cultural, a riqueza de informações e linguagens, os rumos estéticos a serem seguidos nos dias de hoje, entre outros aspectos”, ressalta Patarra. 
Novos repertórios, novos desafios
Para dar a exata dimensão da importância de se estabelecer novos laços entre os compositores da atualidade, os intérpretes e o público, o espetáculo teve início com a execução de “Rito de Evocação dos Sons Ancestrais”, composição densa e plena de contrastes, que logo em seus primeiros compassos prendeu a atenção do público.
Presente na plateia para prestigiar o concerto, o compositor Matheus Bitondi conta que acompanhou a construção do repertório pelos instrumentistas. “Esse repertório é um grande desafio para a Orquestra Jovem. É comum que essas peças mais recentes tenham uma linguagem diferente das quais os intérpretes estão acostumados e como a formação didática é uma das propostas dessa Orquestra, acredito na relevância da execução de novas composições para o enriquecimento da trajetória profissional desses jovens instrumentistas”, observa Mateus, ansioso por conferir o resultado.
Para acalmar os ânimos ora exaltados pela profusão de elementos sonoros da peça anterior, a Orquestra Jovem ofereceu na sequência a “Sinfonia nº. 103 em Mib Maior”, de Joseph Haydn, obra conhecida como O Rufar dos Tambores, devido ao longo rulo nos tímpanos que inicia a peça. Verdadeira obra prima do Classicismo, essa é a décima primeira dentre as chamadas Sinfonias Londrinas, de Haydn, muito inovadora e bem humorada para sua época, uma sinfonia tradicional em quatro movimentos, que acalmou e preparou a plateia para o que ainda estava por vir.

Aposta no inusitado
Para o repertório em homenagem a Leo Brouwer, a OJMG escolheu como solista um dos grandes artistas da música erudita no Brasil, Fabio Zanon, mestre absoluto nesse instrumento, cuja carreira profissional bastante consolidada lhe confere toda a competência para incorporar a riqueza de sutilezas que a peça de Brouwer evoca. 
De acordo com Zanon, “Concerto nº 2” é bastante inusitado e se impõe aos instrumentistas da Orquestra Jovem como enorme desafio, aceito e vencido a contento. “É uma peça muito difícil, com uma ambiência e atmosfera que não se ouve em nenhuma outra música. Brouwer tem um estilo muito forte, sua obra é completamente pós-moderna, um universo sonoro muito desconhecido”, pontua Zanon, lembrando que a efeméride do aniversário de 80 anos de Leo Brouwer é excelente pretexto para inúmeras homenagens ao compositor, realizadas em todo o mundo. 
Atônito e surpreso, o público do Adamastor teve a honra de conferir o encantamento e beleza de “Concerto nº 2”, obra cuja composição reúne diferentes tendências da passagem do século XX para o XXI, e que mistura de modo bastante pessoal influências da música minimalista, cubana e espectral, entre outras, uma obra muito autoral e agradável de se ouvir. 
Seguindo a tradição, “Concerto nº 2” é um concerto em três movimentos, e cada um deles recebeu um nome de seu compositor: o primeiro movimento se chama “Homenagem a Vivaldi”, o 2º, “Requiem”, e o terceiro, Rondo a la Rústica. 

Por Carla Maio
Publicado em 29/04/2019, às 15:44
Editado em 30/04/2019, às 12:07

 

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