Uma boa notícia que compartilho com vocês: Fui convidado a integrar um livro de arte/educação
Meus caros alunos-amigos em consonância com o grupo de pesquisadores em arte do penúltimo congresso que participei, na época levando pela primeira vez a metodologia do nosso BLOG CONTINENTAL CULTURAL para fora do país, fui convidado a fazer parte de um livro de arte/educação que será lançado no mês que vem em Portugal.
fiquei muito feliz e honrado com o convite é mais uma maneira de expor a positividade dos nossos projetos de arte na escola.
A conquista é nossa! Muito obrigado pela parceria!
Abaixo copiarei um pequeno trecho do que escrevi:
UM MERGULHO NO OCEANO DE POSSIBILIDADES EM ARTE/EDUCAÇÃO
O que
podemos definir como um relato pedagógico de uma expedição cultural?
Reflito
essa condição como um conjunto de elementos que cercam os dias de vivências e
não simplesmente o debate de teorias tamanhamente comuns em ocasiões como esta.
Entendo
a Educação como um processo de construção rizomática onde as relações se
articulam em teias e os saberes se transformam a partir da experiência. É assim
minha concepção de ensino de arte aos meus alunos e assim também conduzo minha
formação permanente na missão de educar.
Meus
nove anos de dedicação a minha formação docente me possibilitou rever meu
trabalho por diversas vezes e, sobretudo reivindicar do sistema educacional
oportunidades de fazê-lo.
Não
são apenas meus 28 anos de vida que me permitem ser um descobridor da juventude
docente a cada dia, mas a minha paixão pela arte e pelo seu poder de educar que
me creditam força para descobrir e redescobrir o afeto, o vínculo e o respeito
pelos estudantes. A educação do olhar sensível que vê o que não está aparente,
que lê nas entrelinhas e passeia com o rigor dos desbravadores.
Um evento
como o Encontro Internacional de Educação Artística organizado por toda essa
engajada equipe desperta sobretudo conexões com diferentes possibilidades, tira
o profissional da zona de conforto, do emergente solipicismo, pois estamos só
com nós mesmos em nossas salas de aula.
A
concepção “antropo” (do grego: aquele que olha para o alto) dos organizadores
remete a toda altitude de nossas práticas profissionais no sentido da execução
de nossos afazeres artísticos e nos conduz de volta a nossa formação sempre
necessária, nos conecta com novas formações e com isso pudemos ressignificar
nossas formações com novas contribuições e por que não dizer provocações.
Sempre
me dediquei em ser um pesquisador de mim mesmo e esse desejo não se encerra,
não se finda, não se pode ser finito, somente se renova.
O
máximo nas possibilidades de relações culturais entre povos, expressões humanas
e manifestações artísticas das mais diversas é sempre combustível que move o
motor da nossa complexidade.
Uma das
mais brilhantes e elucidativas obras da pesquisadora Raquel Mason “Por uma
arte/educação multicultural” tem logo em seu prólogo de abertura um eloqüente
texto de Ana Mae Barbosa (que esteve conosco no EIEA) e sob minha interpretação
fundamentaliza a máxima dos professores propositivos.
No texto
ela trata da questão de educadores que buscam em seus repertórios docentes e em
sua história de vida metodologias a partir das experiências vividas, ou seja, a
própria trajetória de pesquisa como embasamento teórico e metodológico,
evidente atrelados a importantes referências. De tantos fatos importantes do
livro esse foi o que mais me despertou atenção, pois se assemelha muito com meu
propósito de observatório na arte/educação que proponho nos diferentes lócus
sociais que atuo.
Como já
dito e reiterado agora, esse processo criativo de amadurecimento e produção
numa vida docente que se embase nas artes para pesquisar requer além da
auto-análise profissional, também acessos a novas e desafiadoras fontes de
formação. Foi nesse ponto que angariei experiências significativas no Encontro
Internacional de Educação Artística.
Falar de
si pode causar um estranhamento, pela proximidade, pela intimidade de cada
gesto e detalhes realizados, pelo idealizado em confronto com o realizado, mas
por outro lado, exercer essa individuação que Jung consideraria possivelmente
de um retorno de si, é proporcionar ao outro e a si próprio recursos para o
debate.
“Narciso
acha feio o que não é espelho”
Essa frase
do compositor Brasileiro Caetano Veloso está como advogado do Diabo da própria
experiência artística, pois ao lidarmos com egos, principalmente o de quem o
faz, estamos em contato com essa interiorização necessária.
Minha
presença não esteve ali simplesmente para relatar um “projeto que se conta”,
mas esteve para muito, além disso, propus reflexões frente à liderança e
protagonismo dos jovens brasileiros que são mediados numa arte/educação
contemporânea que concebemos juntos, uma vez que toda manifestação critica,
inteligente requer participação democrática. Creio que me muitos aspectos minha
fala deu conta disso.
O
procedimento que crio sob minhas principais referências que são Augusto Boal
(teatrólogo Brasileiro da metodologia do Teatro do Oprimido) e Paulo Freire
(pedagogia social) aliado com outras importantes referências de meus estudos é
para mim o meu método constantemente revisto, revisitado.
Estão
impregnadas na essência de meu trabalho artístico os valores deixados por cada
criança, cada adolescente e profissional que transita por esses projetos de
trabalho. Do mesmo modo cada livro que leio se articula como um campo de
pesquisa para o que já foi feito e prospecção ao que será planejado.
Sobre
esse ciclo criativo que proponho encontro inúmeras dificuldades dos sistemas
sociais, sejam eles públicos ou privados. A burocratização é uma injeção de
alienação em toda e qualquer manifestação artística e por isso nós artistas
somos peculiarmente transgressores, subversivos, contestadores; porém, propositores.
O
isolamento que os professores se encontram os transformam em ilhas ou em países
com fronteiras permitidas simplesmente pelos governos que pouco ou nada
entendem de arte.
Certa vez
o teatrólogo Antonin Artaud disse que “a consciência é um apetite” cada ato de
desbravar a si mesmo é um ato apetitoso que encontra saciedade através das
outras referências que nos tiram do solipicismo contemporâneo.
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