Nova poesia de Tiago Ortaet "COMUNICANTES" em homenagem aos jornalistas
COMUNICANTES
Eu-coletivo sou princípio ativo contra a tirania e pilar
fundamental da democracia
Somos meio, vitrine, caminho e mensagem
Um fato pela lente, olhar de quem sabe e sente; um
lugar que de repente vira reportagem
Somos tantos crivos, vozes, gritos, amplificadores,
dores-senhores, dores de um país de verdade, sem maquete e maquiagem...
Das sonoras do dia a dia, dos discursos e disforia, somos
a decupagem...
Somos o chão da comunidade à passeata no final da
tarde, somos “plantão pela cidade”.
Correspondentes, relatos dos sobreviventes, bloco de
anotações, frente à frente ou em multidões, lápis, caneta e gravações, na rua, no
centro ou nos rincões, no agora ou no verbo conjugado, no trânsito, na notícia
de última hora ou naquele cabo plugado...
Somos faro dessa obsessão intermitente pela informação
Da prensa de Gutemberg ao jornalismo de opinião como a
ponta de um iceberg que se vê na proa dessa embarcação
Nosso deadline é no segundo seguinte
Pro leitor, telespectador e ouvinte
Pra fazer honrar o que está na constituinte e pra
fazer valer o imposto do contribuinte.
Dos palcos da história somos a ribalta, das páginas
impressas ao compartilhamento do internauta...
Risco da externa, corre da redação, se improvisa uma
lanterna pra terminar a gravação, liga, manda e-mail, procura, provoca, ouve
explicação, cobra resposta, abre o link, apura a informação, embarca, checa,
revisa, faz cobertura e diagramação...
Muitos vieram, outros virão! A gente segue o bastão...
Entre espelho, expediente, todo jornalista quer a
utopia equilibrista de ser onisciente. Então foca! Por que logo a gente nota
que pode estar nascendo a manchete de logo mais. A história da gente também é
contada nas páginas dos jornais...
Quem vive pela notícia é por natureza um analista, seja
no tempo/espaço, na denúncia que se pega no laço ou diante da entrevista, um
contador de histórias, que dos fatos, faz perícia.
Nada calará a voz dos comunicantes! Nenhuma ignorância
será o bastante...
Qualquer ocupante transitório do poder, em seus atos tresloucados,
conspirações e obscurantismos evocados, não pode nada, contra a verdade dos
fatos. A história nos assessora!
Nenhum autoritarismo emudecerá a voz do jornalismo, como
outrora.
A gente deixa registrado para todo sujeito cartesiano:
Cala a boca já morreu, seu tirano!
Tiago Ortaet
09 de Maio de 2021 (para Semana de Jornalismo)
www.tiagoortaet.com
@tiagoortaet
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