CRÔNICAS RETICÊNTES DE TIAGO ORTAET 2013


2013 em três pontinhos

Esse ano eu levei um trio elétrico pra escola, uma escola de samba pra dentro dela, uma virada especial, uma multidão de jovens inspirados e cheios de arte. Nesse ano fotografei bastante, abracei muito, dei carinho e recebi ainda mais; participei de movimentos de ocupação artística, integrei fóruns, simpósios, palestras, congressos, conferências, reticências e muito mais…

Pensei demasiadamente, fiquei confuso, fui frequente, entreguei minha ausência quando foi preciso, fui preparador de elenco do clipe do Criolo, apertei parafuso no apartamento novo, revi velhos amigos,  compus poesia, musicalizei letras com o Léo, menino-talento especial, fiz psicanálise com outro Léo, tomei banho de chuva e cuidei e zelei e fiz o bem.

Pulei, cantei, dancei, caí na piscina, brinquei, conduzi uma Trupe, teatralizei a minha vida e a vida dos outros… Dei oportunidade, investi no ser humano, fui oportunizado na vida dos amigos e apresentado a tantos outros...

Esse ano sofri, senti dor, tive muitos problemas, chorei, velei, fui acusado, eleito e abraçado.

Fui comissão de frente no carnaval, bolsista de curso de dança, fiquei no soro em leito de hospital, recebi carinho de criança, fui cantor de banda de rock, tive esperança, desanimei, sorri, gargalhei, levei choque.

Pintei o cabelo de azul, inventei cores na parede do quarto do Otávio, comprei um tênis-provocação, revi fotos, construí cabana, cantei no volume máximo e rezei baixinho, orei pelos amigos, panfletei e vendi sorvete na festa da comunidade.

Postei foto em preto e branco do papai na internet pra me auto-entender, um espelho virtual expandido, estive como massa gritante nos protestos de Junho, numa primavera esfuziante, numa São Paulo agigantada pelo coro, pelas vozes e pelos caminhares de indignação. Fui consumidor moderado do quintal capitalista, consumi arte sem moderação, fui professor, profeta e malabarista. Meu malabarismo é com as letras…

Ousei, respeitei a lei e contestei… Acordei com homenagem especial do meu filho e disse que isso é o que importa, que por mais difícil que a vida se apresente pra mim eu sempre abro outra porta; daí vem a vida e quebra a maçaneta e eu transbordo na ponta de uma caneta.

Fui classificado, classifiquei, homenageado, homenageei, premiado e ficou entendido muita coisa.

Fui ambulante, fiz intercâmbio, ator itinerante, recebi amigos, fiz parceria, acordei cedo, detestei acordar cedo, mas dei bom dia… Fui palestrante, fiquei devendo, observei as coisas, me inspirei e saí correndo.  

Vi filmes com a esposa, montei a árvore de natal, fiquei embalado, emocionado, hibernei. Que ano repleto de coisas distintas, que ano fazedor de coisas como um artista e suas tintas.

Briguei como leão pelos direitos de minha mãe, representei minha família, vasculhei novas oportunidades, fui contratado, me matriculei, repensei, sonhei tanto, sonhei de novo, fui papai noel, levei sonhos e me vi numa tela de TV, disposto a essa entrega, disposto como o céu que abriga a chuva, sonhei de novo, já tá acabando o ano e que a minha rotina seja tudo diferente outra vez.

Tiago Ortaet

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