CONTINUAÇÃO DA AULA - REFERÊNCIA POÉTICA PARA TRABALHO FOTOGRÁFICO

Atividade de referência poética para auxílio do trabalho fotográfico

a) Refletir sobre as metáforas do texto
b) Pesquisar os significados das palavras inusitadas
c) Qual é relação do texto com o cotidiano cultural do Brasil? 
d) Em 2008, ano em que o texto foi escrito, era comemorado 120 anos da abolição da escravatura no Brasil. Essa informação facilita a compreensão de qual parte da obra?
e) Acompanhe no blog da escola mais referências para o trabalho de fotografia



PIGMENTO 

Na sociedade “missigêneses” que vivo, percebo as exuberâncias não palpáveis dos seres desse lugar, são almas de múltiplas cores e presenças incolores, ambos integrados.
Vejo neles, vendo em mim também, que as pigmentações que somos nos completam sempre, nos integram sempre, ainda que insanos tentem violar esse pátrio poder divino: A origem igual, das imagens diferentes aos seus detalhes; nos alimentam de poesia corpórea.
Mas seria tão bom se assim permanecesse a evolução da nossa espécie, se não houvesse manchas roxas em peles negras da história, se outros não tentassem através de outros detalhes que cortam a moral, ressuscitar um infame navio negreiro.
Fatos nos contam desequilíbrio humano e insensatez declarada. Contas mais!
O mundo tem que saber pra não reprisar fatos podres. Contas mais, vezes 120! Sou anfitrião da história, sou seu ouvinte!

Quais são as réguas que medem nosso bom senso?
Anuais são as léguas que marcam esses caminhos de tempo tenso.

Que regra deformada é essa que patronalmente não foi dita?
Deus não plantou isso em lugar algum.
Então meus caros, quero dessa vez regrar a disseminação do vocábulo condenado pela sociedade, isso é o que tenho de moral.
Ninguém é igual a outro! Graças a Deus e que ele conserve nossas visualidades autorais.
Bendita seja nossa diferença visual, bendita... Isso é casco, é embalagem, é perecível, é biodegradável, mas nossa honra e afeto não perecem.Gritando direitos, 120 vezes... Estabelecem!

Somos unificados de alma, de gêneses e de olhar natural.
Não dato essa carta para que sua força vocativa não se enraíze somente nesse tempo, uma vez que nossa diversidade é sobretudo atemporal.
Nesse país de padroeira negra, de negro rei, de batente popular em dia preto e branco, como num tabuleiro de xadrez; a força que nos move intensifica-se mais uma vez.
Amor tonal...
Nessa arte de multiplicidades qual é a cor do negro par da tela de Lasar Segall? Alguém desse jogo-mundo me conta qual é a cor do homem central de uma tela da Tarsila do Amaral? Na minha tinta preta não uso terebintina, acrescento na pele plástica de minha tela a mais fina melanina. Quem disse que arte não ensina? É o mundo e seu rigor ao nosso dispor. Valores que não tem preço cobram de todos nós: Atitudes!
Mentes assim fazem bem pra mim, mentes plurais fazem bem para a humanidade.

Declaro a soltura dos afetos que nos unem para que contagiem a figura humana independente de sua tonalidade, declaro abolição da impessoalidade que nos rege e acima de tudo que os “com tatos” que temos, não selecionem tons de pele.

Tiago Ortaet 





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