TEXTO DO PRONUNCIAMENTO DO PROFESSOR TIAGO ORTAET NA SESSÃO SOLENE NA CÂMARA MUNICIPAL

UM AMOR INTERDISCIPLINAR

Que linda noite essa em que uma trupe de estudantes se reúne com seu professor e convida familiares para um evento formal, com mesa solene, traje social e protocolos. Justo nós, um bando de garotos entusiasmados com nossas idéias. Aqueles que de tanto dar vazão as possibilidades, nem percebem o impossível e quando vêem, já fizeram!

Não seria aqui, nessa casa das leis, da civilidade, que deixaríamos de trazer nossa ousadia, daquela casa do saber, que chamamos de escola.

Eu me encho de orgulho e não faço nenhuma questão de ser modesto ao falar de vocês, são vocês os motivos mais belos de minha missão de educar.

Para explicar essa química perfeita que metamorfoseamos a cada dia, recorri as áreas científicas, importantes para a humanidade, na tentativa de expressar a essência daquilo que somos em coletividade

A história pode contar detalhadamente nossas expedições culturais, registrar nossos passos estudantis, nos dar um status de um capítulo célebre na história da educação. Da educação que se faz na nossa escola, no nosso bairro, na nossa cidade. A história de cada um de vocês é para mim muito mais importante do que a história do mundo inteiro.

Entrar na vida de vocês é um aprendizado quase religioso. Religião é tudo aquilo que religa. Estamos ligados em alta sintonia. Já faz tempo que somos parceiros de nossos aprendizados. Somos historiadores de nós mesmos.

A Língua Portuguesa pode ser cúmplice de tudo aquilo que verbalizamos, que germinou em nosso pensamento de meninos e meninas que se divertem na escola e estão a fim de aprender. Mas o que é muito claro para nós, como o raiar do sol que nos ilumina nas manhãs escolares,  é que já não se aprende mais como antes. Apreendemos versos que não podem ser escritos. Afinal, como verbalizar um olhar? Nossa língua portuguesa não é colonizada, é libertária pelas artes; se faz por associações de cada nova página escrita por nós. Poetizamos a vida.

A geografia da sensibilidade nos dá noção de espaço, reconhece o outro como o contrário, necessário, do somos, tateia as mentes que de tão conectadas aos fazeres culturais ganham territórios do imaginário.  Geograficamente criamos teias, tecemos nosso caminho, criamos vínculos, reciclamos o que somos.

Nossa aula de leitura é muito fácil, lemos gestos, sorrisos, imagens e sonhos! Essa aula não tem fim.

A matemática também com seu necessário valor nos permite rever nossas estatísticas, somando atitudes, dividindo momentos, multiplicando olhares, pois é esse o mote que me faz estar aqui, a multiplicidade de olhares. Nos faz ainda, subtrair os ranços de uma educação punitiva, rancorosa, que não agregaria em nada. Essa matemática que escolhi para teatralizar a vida com vocês tem uma equação não exata.

Nossa Educação Física começa toda vez que exercitamos nossas idéias, mover a mente e deslocar pensamentos para materializá-los é sem dúvida a mais nobre das atividades. É ser um pouco Deus no ato criador. Mas não é só isso não, aja tônus muscular para manter-se firme numa maratona de mais de 14 horas de atividades culturais como no nosso recente Acampamento, ou então na corrida quase atlética de nossos eventos esfuziantes. Somos bons produtores de eventos.

Toda vez que respiro e só enquanto eu respirar, vou me lembrar que nosso fazer artístico é biológico. A biologia que me amparo é aquela que diz que corre nas nossas veias o DNA da expressividade, dentro de nós há um néctar humano que nos garante o poder de relacionar os fatos, os tatos e as experiências com tudo aquilo que sonhamos. Racional ou emocionalmente sustentamos nossa vontade de viver intensamente. Não há natureza maior do que aquela que nos habita!

O idioma que falamos não é o inglês, mas poderia ser esse ou qualquer outro, pois preferimos nos comunicar através de dialeto que pode ser lido aqui ou em qualquer lugar do mundo: O teatrês, o código gestual do mundo encantado, aquele que imaginamos.

Não distantes da realidade, muito pelo contrário, criamos nossa própria realidade com um toque absolutamente autoral, por acaso na vida é diferente?  Dentre esses alunos, e eu me incluo como mais um, serão brevemente homens e mulheres de bem, cidadãos capazes de escreverem suas próprias histórias, líderes, não só na cultura, mas em tudo que fizerem.

A arte nunca se encerra, ela é o tempero de tudo isso! Sem ela não há humanidade expressa. Sem ela nem existimos! Sem tempero quem irá devorar a vida? Obrigado ao artista maior desse mundo que me permite ser instrumento de paz e de arte também!

Ofereço assim, bem temperado, simplesmente meu amor interdisciplinar!

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Professor Tiago Ortaet em noite solene com seus alunos!
16 de Maio de 2011

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