REGISTRO DE UM DE MEUS PROCESSOS DE CRIAÇÕES EM ARTE CONTEMPORÂNEA

“E...Ternos” Parangolés Contemporâneos A série – pesquisa pessoal, intima, artística e produção
Entrelaçado a uma série de objetos e imagens que compõem toda uma pesquisa poética, as vestes que ofereço ao publico são mostras dos limites entre o aceito e não aceito pelo sistema formal da sociedade, o claro e o escuro, a profusão de massas coloridas e a unidade vazia do lado de dentro das vestes. “O excesso de algo é o grito pela falta de outro” Além desses conceitos próprios, estão ao meu dispor de maneira muito latente a presença da figura masculina na infância ou a falta que isso faz. A solidão de um objeto que automaticamente precede na imagem mental de cada espectador, um ser humano ocupando aquele espaço e um espelho da alma ingênua (De criança) que identifica através de simples marcas, uma série de momentos de ternura fazendo de cada um desses objetos mensagens dúbias, umas gritam, outras sussurram. Eternizar um simbolismo da imagem paterna pode ser recurso peculiar de quem não a teve, ou de quem perdeu precocemente, como em meu caso. A retórica está dentro da própria peça de roupa ali remontada com uma nova roupagem, praticamente plastificada de cores pulsantes, da mesma forma que o espectador questiona ao ver cada paletó manchado ao excesso de cores, o mesmo objeto faz algumas perguntas ao passar pela retina de quem o vê. (Enalteço e questiono ao mesmo tempo um código visual do cotidiano) Sendo a concepção artística de “Hélio Oiticica” referente à busca pela tridimensionalidade como inspiradora e articuladora deste projeto, dentre as demais já citadas, proponho uma nova concepção de obra-pele, ao meu modo recrio minhas próprias composições, como assim também intitulo minhas obras. Meus “Parangolés Contemporâneos” estão à disposição analítica para a visão critica da sociedade, verossímil a elementos da obra de “Andy Wharol” artista americano, estava para a crítica ao consumismo dos Estados Unidos em suas serigrafias, bastante debatidas e de importância para o período no qual foi produzido. É salutar e legitimo sob minha ótica incorporar estes conceitos que minhas obras me revelam cada vez mais. Embora minha discussão mais profunda não seja somente e especificamente o consumismo, trato das formalidades sociais e a distinção de tratamentos humanos à medida que somos apresentados com roupas limpas, novas, nobres, tradicionais, formais e ditas sociais, somos automaticamente mais bem tratados; é claro que a partir daí outras concepções foram e vão sendo incorporadas. (Gosto de brincar com o que consideram social, mas afinal o que denota o social?) Minhas imagens são o próprio caos; reflexos de muitas coisas e fatos ao meu redor. O que existe nestes trabalhos de pesquisa e experimentações são certezas de tornar visível o invisível numa pluralidade ali bem representada. A necessidade de uma pintura tridimensional é forte em meu processo de criação desde as primeiras manifestações acadêmicas e transformou-se em erupção à medida que produzia quadros e não me satisfazia com o até então convencional aos meus olhos. Para mim, a pintura deve pular da dimensão atravessando as fronteiras do pano da tela, do espaço físico... Da materialização das idéias até a alma, sob o canal esmiuçador chamado: OLHAR. Certamente a extravagância do resultado final contradizendo a sutileza de derrubar tinta, seja a essência do fazer artístico, não nego influencia de “Jackson Pollock” e muito menos as provocações que a mim surgem de forma semelhante. Procurei unir o racional da escolha do objeto com o impulsivo, imediato e emocional da produção abstrata, estes meus objetos beiram a performance, pois ao vesti-los os mesmos ganham automaticamente o intuito de ARTE ITINERANTE, a obra que passeia pelas ruas, pelas praças e atenta para a feição dos transeuntes que as percebem. Quebram as barreiras dos museus, mas retornam para lá, descançando-as, como espaço de refúgio, como um templo ou um tabernáculo e questionam valores estéticos, cabendo neles não somente a harmonia ou falta dela nas cores a mostra, mas também a ousadia já instalada. Tiago Ortaet 2006

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