PROJETO #DESENHAGORA_ORTAET'S TEM EXPANSÃO DO QUE É DESENHAR

 JÁ FALO ISSO HÁ UMA DÉCADA: SALA DE AULA É O MUNDO!!!!
 BELOS EXERCÍCIOS GRÁFICOS, APURAÇÃO DOS OLHARES...


AS NOSSAS AULAS ESTÃO EXPLORANDO O DESENHO COMO MÚLTIPLAS FUNÇÕES NA NOSSA SOCIEDADE; DESDE O DESENHO COMO MENSAGEM, INFORMAÇÃO, SÍMBOLO, REPRESENTAÇÃO, LAZER, PROFISSÃO, PROJETO ETC...


ACHEI ESSE TEXTO,QUE ME LEMBRO TER ESTUDADO NA ÉPOCA EM QUE CURSAVA FACULDADE DE ARTES; É UM BELÍSSIMO TEXTO DO ARTISTA FRANCÊS HENRY MATISSE. ANO RETRASADO QUANDO ESTIVE NA FRANÇA VISITEI O CENTRE POMPIDOU EM PARIS, ONDE RESIDE O TEXTO ORIGINAL COM ALGUMAS OBRAS.

um dos desenhos de nossas aulas na rua

"Há que ver toda vida com olhos de criança", texto de Henri Matisse


"Nature morte au magnolia", 1941 © Succession H. Matisse"Nature morte au magnolia", 1941 © Succession H. Matisse
"Criar é próprio do artista – onde não há criação, a arte não existe. Mas seria um engano atribuir esse poder criador a um dom inato. Em matéria de arte, o criador autêntico não é apenas um ser dotado, é uma pessoa que soube ordenar, tendo em vista o seu objetivo, todo um feixe de atividades de que a obra de arte é o resultado. É por isso que para o artista a criação começa na visão. Ver já é uma função criadora que exige um esforço. 

Tudo o que vemos na vida corrente sofre mais ou menos a deformação que os hábitos adquiridos provocam, e o fato é talvez mais sensível numa época como a nossa, em que o cinema, a publicidade e as revistas nos impõem diariamente uma quantidade de imagens já prontas, que são de certo modo, no âmbito da visão, o que é o preconceito no âmbito da inteligência. O esforço necessário para se libertar disso exige uma espécie de coragem; e essa coragem é indispensável ao artista, que deve ver todas as coisas como se as visse pela primeira vez: há que ver toda a vida como quando se era criança; e a perda dessa possibilidade impede-vos de vos exprimir de maneira original, isto é, pessoal.
Tomemos um exemplo: penso que nada é mais difícil a um verdadeiro pintor do que pintar uma rosa, porque para isso, precisa primeiro de esquecer todas as rosas pintadas. É um primeiro passo para a criação ver todas as coisas na sua verdade, e isto supõe um esforço contínuo.
Criar é exprimir o que se tem em si. Todo o esforço autêntico da criação é interior. Haveria ainda que alimentar o sentimento, o que se faz com a ajuda dos elementos que se tiram do mundo exterior. Aqui intervém o trabalho, pelo qual o artista incorpora, assimila gradualmente o mundo exterior, até que o objeto que desenha tenha se tornado uma parte de si mesmo, até que o tenha em si e possa projetá-lo na tela como sua própria criação.
Quando pinto um retrato, tomo e retomo o meu estudo, e de todas a vezes é um novo retrato que faço; não o mesmo que corrijo, mas um outro que recomeço; e é sempre um ser diferente que tiro de uma mesma personalidade. Aconteceu muitas vezes, para esgotar completamente o meu estudo, inspirar-me em fotografias de uma pessoa em idades diferentes: o retrato definitivo poderá representá-la mais jovem, ou sob um aspecto diferente daquele que tem no momento em que posa, porque é esse aspecto que me pareceu o mais verdadeiro, o mais revelador da sua personalidade.
A obra de arte é assim o fim de um longo trabalho de elaboração. O artista utiliza tudo aquilo que em seu redor é capaz de alimentar a sua visão interior, quer diretamente, quando o objeto que desenha deve figurar na sua composição, quer por analogia. Põe-se assim em estado de criar, enriquecendo-se interiormente com todas as formas de que se torna senhor e que um dia ordenará segundo um ritmo novo.
É na expressão desse ritmo que a atividade do artista será realmente criadora; para aí chegar, será preciso tender mais para o despojamento do que para a acumulação de detalhes. Escolher, por exemplo, no desenho, entre todas as combinações possíveis, a linha que se revelar plenamente expressiva e portadora de vida; procurar essas equivalências através das quais os dados da natureza se encontram transpostos para o domínio da arte. 

Na Nature morte au magnólia, traduzi através do vermelho uma mesa de mármore verde; precisei de uma mancha preta para evocar o reflexo do sol no mar; todas estas transposições não eram de maneira alguma o resultado do acaso ou de uma fantasia qualquer, mas sim o resultado de uma série de pesquisas, após as quais essas cores me apareceram como necessárias, na sua relação com o resto da composição, para dar a impressão pretendida. As cores e as linhas são forças, no seu equilíbrio, reside o segredo da criação.
É nesse sentido, me parece, que se pode dizer que a arte imita a natureza; pelo caráter de vida que um trabalho criador confere à obra de arte. Então a obra mostra-se tão fecunda, e dotada da mesma vibração interior, da mesma beleza resplandecente que possuem todas as obras da natureza. É preciso que haja um grande amor, capaz de inspirar e suportar esse esforço contínuo para a verdade e também essa generosidade e esse despojamento profundo que a gênese de toda obra de arte implica. Mas não estará o amor na origem de toda criação?"
Henri Matisse

Original em francês oferecido pelo Centre Georges Pompidou.

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